segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SOBRE A LOUCURA E OS SONHOS

                                             Jorge Bichuetti

Tememos a loucura... Nela, vemos o humano caotizado. E nós que idolatramos a normalidade, não percebemos na loucura o que ela, de fato, anuncia... A loucura foi e é uma forma de resistência e de manifestação de um funcionamento não normatizado e pela racionalidade técnico-instrumental.
A construção da subjetividade capitalista se processou com o aniquilamento ou marginalização da poesia, da magia, das utopias e dos sonhos; e com uma hegemonia monolítica do pensamento científico como único acesso aceitável à realidade.
A loucura é desrazão. Outra racionalidade.
O hospício, sua fogueira, onde se dá um esforço concentrado, visando isolá-la, negá-la e silenciá-la.
Quando vemos a vida e percebemos, hoje, descolorida e desvitalizada, não identificamos de imediato o motivo deste império do desalento e das desilusões; contudo, se observamos o homem e sua caminhado o veremos anêmico e vulnerável, e na suas dores notaremos a falta que nos faz o pensamento livre e voador que, via a poesia, a magia, a loucura, as utopias e os sonhos, gera sentido e motivação, força e resistência, ousadia e voos para além dos limites do possível, permitindo acercar-nos dos territórios do amanhã.

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