sábado, 29 de janeiro de 2011

DO INDIVIDUALISMO ÀS REDES SOCIAIS

                                                               Jorge Bichuetti

O individualismo é produto de uma subjetividade que desumaniza e vulnerabiliza o homem.
Só, podemos tão pouco...
Na solidão, toda dor, toda ferida, todo problema, ganha uma dimensão diabólica. Monstruosa. Tudo parece insuperável, invencível...
A raiz  é clara: o individualismo se molda sobre o narcisismo e a onipotência.
Assim, nos torna um deus que rodopia sobre si mesmo.
A solidariedade abre, vincula, agrupa... Nos dá potência.
A potência nasce dos bons encontros e estes germinam na fecundidade das paixões alegres.
Canta Chico Buarque: " Todos juntos, somos fortes... somos arco, somos flecha... todos nós no mesmo barco, não a nada a temer...."
Um grupo assentado no narcisismo é frágil e opressivo... Se articulando pelas identificações com um  ideal de ego, o faz carrasco do próprio coletivo que internaliza uma submissão e uma forte repressão. Fora do grupo, o mal... a morte, o inimigo. E para se evitar este lugar, nega-se a si próprio e torna uma cópia amorfa cujo padrão modelador é o grupo despótico. Não há lugar nem ar para a singularidade, nem para a multiplicidade.
A onipotência , igualmente, torna a vida insustentável.
Não nos permitimos humanos, frágeis, limitados incompletos... Somos um deus sem um paraíso...
As redes sociais nos possibilitam uma nova sociabilidade.
Ressoa, a voz de Rosa Luxemburgo: " Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres."
A vida individualista tende à solidão ou à dependência simbíotica, já as redes sociais ramificam, bifurcam, rizomatizam, multiplicitam a vida e seus coletivos.
Se tecemos rede sociais aprofundamos a capacidade de estar com o outro, sem a tentação mútua de uma divina e impossível totalização.
Se, entretanto, ramificamos nossas conexões, passamos a contar com valores singulares multiplicados e que nos viabilizam uma vida de maior diversidade e de ricas multiplicidades...
Aliberdade, transversalidade, a ternura, a compreensão, conviviabilidade são valores que flexibilizam as redes e as protegem de uma captura totalizadora e normativa.
Eis o caminho da superação da solidão redes solidárias .... rdes libertárias... redes sociais criativas e afirmativas da vida e da própria liberdade...
Assim, voam as andorinhas sem medo ou timidez diante da amplidão do próprio infinito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Somos animais como outro qualquer.
Fazer considerações é direito de qualquer pessoa, mas isso não mudará em nada a natureza.
Pensar o Homem como queremos não é muito produtivo.Por isso o marxismo deu nefastos resultados.
Pensar o homem como ele é, é mais produtivo, por isso Nietzsche não se arvorou a criar receitas de felicidade para seu semelhante e esclareceu muito sobre a nossa natureza.
Freud confessou que evitava ler Nietzsche pois dizia que este já havia antecipado muito daquilo que ele, Freud, havia concluído sobre o psiquismo humano.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Caro amigo, Bion , eminente psicanalista dizia que o homem era dado às grupalidades e que estas se desenvolviam e se desenrolavam numa trajetória que ia do narcisismo ao social(ismo) e explicava que entendia este seu último conceito como sociabilidade solidária.
Nietzsche, em o livro Humano demasiado humano, lê a vida e as crises e assinala um caminho de libertação...
Eu, somente, reflito e partilho, com as limitações do meu conhecimento, da minha vocação de sonhador e do gosto pela escrita, apesar de ser péssimo escritor.
Paciência comigo, a maioria dos equívocos são meus... Não deles...
Um carinhoso abraço Jorge