sábado, 9 de julho de 2011

AS FISSURAS DO INDIVIDUALISMO

                                           Jorge Bichuetti

O cinza que nubla a vida contemporânea revela a falência de um modo de viver... A falência do individualismo, do consumismo, da competição e da violência institucionalizada... Do ter suprimido o valor do ser... Mundo de vendedores e vencedores... E um mundo que vínculos frágeis, liquefeitos...
O ser humano superou a natureza hostil coletivamente... Somos no ecossistema uma espécie frágil: fragilidade maximizada na infância ena velhice... Se domamos o mundo animal de onças e tigres, leões e raposas...o fizemos por um agir coletivo. A ação e o triunfo era da tribo.
Instituiu-se um mundo de solidão individualista, vida comunitária empobrecida, segregação e exclusão...e nesta solidão quando uma crise chega não conseguimos dar resposta... pois podemos muito pouco na ação individual divorciada do outro.
Senão vejamos...
Na morte e na loucura, nas catástrofes e na doença grave, na perda de ente querido, nas separações amorosas... nas crises nos descobrimos frágeis, de vida vazia, com um cotidiano cinzento e sem conexões que pudessem nos sustentar na hora destas difíceis travessias.
O individualismo nos condiciona a viver movidos pela falta, negando as potências individuais e coletivas...
O individualismo nos condiciona a ser um exemplar fidedigno da racionalidade técnico-instrumental... Vida de lógica matemática com negação do outro, dos sonhos, da arte, da magia, do mítico, da poesia...
Este mundo , o nosso mundo, tal qual nos impõe a lógica do individualismo, é um mundo de solidão, angústia e vazio existencial...
A dor que emergiu epidêmica nos coloca hoje numa encruzilhada...
Ou redescobrimos o coletivismo, a vida de grupo, de comunidade ou sucumbimos nas fissuras do individualismo...
A vida coletiva é companhia, partilha, comunhão... Rede de diversidade. Vida comum... Nela, não somos soterrados pelas nossas fraquezas; fraquezas que compõe a nossa própria condição humano.
Temos na hora do problema, da dificuldade e da dor, o tesouro da luta que se enfrenta na companhia dos amigos, um grupo, um coletivo... força multiplicada e diversidade que nos tira da lamúria da falta e nos coloca na exploração criativa do excesso. Excesso de vigor, vitalidade, criatividade, companhia, força agrupada e força estradeira... No caminho, então, somos para além dos nossos limites pessoais... pois somos a potência, a vida criativa e a alegria que flui da união, das conexões entre as pessoas, e assim, somos fortaleza.
Bambus agrupados que resistem ao vendaval...
Bambus agrupados que se tornam resistentes e viris...
Assim, precisamos ouvir novamente o canto mágico de Chico Buarque de  Holanda: "Todos juntos somos fortes, somos arco e somos flecha... Todos nós no mesmo barco, não há nada a temer..."


Nenhum comentário: