domingo, 3 de julho de 2011

DIÁRIO DE BORDO: DEPOIS DA SERENATA...

                                  Jorge Bichuetti

A natureza é festeira, uma apoteose de vida e esplendor... Acordei, com os passarinhos cantarolando seus madrigais numa serenata da vida que baila , diante do infinito, alegre e com vontade de sorrir e cantar. Os roseiras orvalhadas e os álamos valsando com o ventto, juntos, me diziam que viver é celebrar... Assim, acordei: lento e vagaroso; entre a vida bailarina e meus sonhos azuis...
Um novo dia; um dia de domingo..
Já ouvi de alguns que o domingo é um dia triste, cinzento, melancólico... O domingo é um dia amplo, diverso e cheio de trilhas...
Os sinos me falaram de um domingo onde a vida reverencia grandeza do universo no singelo da fé das rezas humildes que louvam a paz e desenovelam as ladainhas do amor.
Os pardais, bambas doa r, já queriam a casa ritmada pelos tambores do samba com seu rebolado sensual, clamando por um domingo namorador, de prosas e encontros, festejos na roda e a roda, girando num louco cavalgar pelas trilhas da alegria dos que sabem na vida a vida celebrar...
A Luínha ressonou, lamuriando que por ela nossa casa teceria no domingo a vida com risos, canções, flores e poesias... fogão aceso; abraços e braços no altar da amizade.
"Navegar é preciso"... Viver é navegar: ondear no azul com a alegria de saborear nos minutos o amor, tempo da eternidade no coração que pulsa, unindo o céu e o mar...
Quanto mar!... mares...
No mar da poesia...
No mar da utopia...
No mar da alegria...
No mar das paixões...
No mar das cantigas...
Mo mar das orações...
No mar do acolhimento da vida remoçada nos braços e abraços da ternura que floresce nos en-cantos da amizade.
Felizes os que trilham nas veredas da existência o horizonte da solidão partilhada no ser  e no se dar, no acolher e no sonhar, movidos pela ternura que floresce nos en-cantos da amizade...
Penso que ser amigo é algo muito próprio no corpo da vida que nomeamos como mineiridade.
Riso e lágrimas; causos, um prosear... Um partilhar... Um ser para o outro na ciranda do amor que que sabe o valor do colo e do ombro...
Na mineiridade, amizade é colo e ombro; café e cachaça, fogão aceso e viola enluarada... um jeito de se dar, acolhendo e amando, partilhando e se dando... no prosear que faz o rio seguir para nos abraços do mar, navegar, navegar...
Assim, meu domingo... meus dias... minha vida: correm na luta, nunca da luta.... tecem redes de vida que balançam e dão sossego ao pranto e dão pouso e acalento aos sonhos... Navego nas redes da amizade... sou um peixinho no mar... sou um brilho no olhar... sou a vida de mãos dadas, vida que pode partilhar o pranto e inventar o riso, o sonho, um novo caminhar...Fraco e frágil, eu sou o guerreiro nos amigos , na amizade, que me fortalece... e tece auroras violadas no carinho, um cadinho de amor que incendia a vida nas chamas estelares da solidariedade...

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