Jorge Bichuetti
A Luínha dorme... Com seu olhinho indígena, já me pescou lá fora; mas, não se atreveu na minha aventura. Quieta, sossegada,, quis o calor dos travesseiros e cobertores... Eu, não... Fui atrás dos encantos do céu nas noites de lua cheia quando a vida conversa e dialogando, nos desnuda o coração.
Um novo cacho de rosas louvam a nossa avó Lua... ( ou seria eu, um fiho do luar).
Aqui, entre o luar que encanta, acolhedor, e minhas plantas.... escutamos o canto da vida. É um canto de amor: louvação aos que ousam a ternura do enamorar-se.
Vivemos tempos de amor líquido: ausência de solidez nos vínculos, genitalização do desejo com supressão ou economia avarenta de carinho e ternurra, e um estar sem compromisso com o amanhã..
Não estou sendo trágico; talvez, direto e cru, traduzindo a dor do nosso tempo, tempo de angústia e solidão.Tempo de orgasmo sem carinho, de sexo sem paixão...
A lua cheia sugere afagos e cafunés... chamego... um vagar nos trilhos do destino, sentindo a outra mão na nossa, no nosso ombro, na nossa pele...
O amor voraz e fugaz, instantâneo, comprimido... é amor volátil. Medo de amar...
Nostálgico, coisas do luar, relembro: a rosa roubada, a serenata, os versos de amor, que se não primores literários, eram ternos feitiços que ouvidos nos encantavam e nos compunham corpos enluarados de magia esonhos, resistentes no caminhar...
O corpo do amor líquido e volátil é corpo vulnerável, liquefeito, fagocitável...
Um corpo com traves e bloqueios, cortes e fissuras... a energia não flui, condensa, fixa, e detona.. .Logo, emergem as patologias que desnudam no modo de andar a vida.
Reich o estudou... e diagnosticou, nele, encontrando um corpo que estagnado no fluir da energia amorosa submergia nas dores crônicas, nas doenças degenerativas e no enlouquecer celular, no câncer...
Se é assim... o que nos leva a viver produzindo a morte?...
O corpo que se volatiza para não vincular-se e fluir no amor, é um corpo capturado pela sociedade de espetáculo e pelo socius da dissimulação.
Corpo de ver e ser visto... corpo para as miragens da fotografia. Não corpo de experimentação, vida de intensidade... Simulação da vida... Corpo dissimulado. Portanto, corpo sucateado pela inconsciente auto-negação.
A lua cheia não desiste da humanidade... a vê morrendo, se auto-destruíndo... E ela insiste... Canta a poesia do amor maior...
No amor maior, mora a vida plenificada nos voos da ternura partilhada que nos retira dos abismos do vazio e nos dá nos voos na imensidão a capacidade de ser e existir, alvorendopara o amanhã.
Escutemos o canto da lua... Vivamos nos en-cantos do luar...
Antes que vejamos nosso corpo fenecer no jardim da existência como uma flor que murchou, antes de perfumar-se e perfumar... antes de nascer vida, antes de parir-se eternidade.
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2 comentários:
Estes momentos teus, são de reencontro contigo próprio, e então são de reencontro com o cosmos, são os momentos dos que ase alimenta o Universo... Sim, 'A lua cheia não desiste da humanidade...' Antes de ler isto estava eu a pensar que a lua se parce contigo, ou até que a Lua és tu, Jorge, e todas as vezes que a vejo eu me lembro de ti... Grata por poder fazer parte através da leitura, abraços com ternura e carinho, Concha
concha: é algo que nasceu e hoje vou descobrindo fonte, mais uma fonte já usada por nossos ancestrais... Nosso modo de ser em conexão com a vida nos d´´a mais vida... Abraços, amiga e companheira e de quintais eluares, abs ternos, jorge
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