quarta-feira, 13 de julho de 2011

DIÁRIO DE BORDO: UM NOVO ALVORECER NO HORIZONTE DO CERRADO...

                                        Jorge Bichuetti

Os sinos badalam a canção da aurora... Aves!... pousam nos corações. Vida na madrugada; madrugada na vida. Pardais solfejam sua cantoria trigueira; andorinhas ciscam e recolhem os grãos do terreiro. A vida acordou...O sol, teimoso, teimosia meiga de avô, teima e não clareia... parece sugerir que necessitamos de mais sonhos. A Luínha suspira e ressona... ( deve sonhar, sonhos arteiros )... Eu, aqui, olho o céu e vejo: vejo além... A beleza da imensidão me alimenta de sonhos...
O céu do cerrado, azul, amplo, cheio de aves, voos na imensidão, clama por utopias que nos dêem um novo alvorecer no horizonte da história.
Tecemos diariamente a história: a nossa história e a história da humanidade.Aqui, um dia, Caiapós, sonharam com a Mãe Terra fertilizando no luar a liberdade e a vida... Imprudentes, ingênuos, nossos ancestrais aceitaram a corte dos bandeirantes... E negociando brigaram com seus irmãos... Foram traídos e dizimados... Mas, o que os bandeirante da corte portuguesa não sabiam, é que os sonhos vivem por si mesmos... São anseios da vida; desejos da Mãe Terra; ordenações do infinito.
Agora, no horizonte do cerrado nem a fuligem da cana queimada há de nublar o chamado do tempo.
E o tempo, não o tempo do relógio que roda e para, acomoda-se na apatia dos nossos braços... O tempo que gira e dá sincronicidade ao movimento da imensidão... ele, voz da vida, fala no alvorecer do cerrado...
Os sinos e a cantoria dos pássaros, a ternura do orvalho, a terra úmida e fecunda, as flores... os frutos... os manacás, as quaresmeiras, os ipês... o jatobá, a aroeira... a relva... as nascentes e as cachoeiras... a capivara, a siriema... a vida num concerto de beleza e esplendor resiste e clama... quer ser vida na liberdade... quer ser liberdade na vida. Poesia da ternura que escuta os lamentos do chão e recolhe la chuva, as lágrimas de compaixão que descem da imensidão.
A beleza do cerrado clama...
Lhe dói as queimadas; lhe corrói a vida andrajosa dos pobres desvalidos que adoecem nos canaviais... E chora o êxodo dos pássaros, pobres exilados que se urbanizam no lixo das cidades, lacrimejando nostálgicos o fim... dos matagais.
Lhe dói ver o ser humano perdido. Solitário e rabugento, esquecidos do valor guerreiro dos nossos ancestrais...
Que falta?... Afinal, nos desenvolvemos... temos tecnologia, vida de modernidade...
O cerrado é ternura e solidariedade na amplidão da vida de liberdade... Assim, ele nos olha e sente falta de amizade e sonho, vida de comunidade.
Precisamos cuidar do cerrado... para não perdermos suas lições...
Suas lições são caminhos da nossa redenção.
E tudo é tão terno e singelo...
Basta suprimir o meu e o teu... e desvendar no nosso a utopia da vida solidária onde o outro já não é um alheio, mas me compõe no riso e me decompõe nas lágrimas...
Basta suprimir o rude e o insensível... e desenovelar a ternura encaixotada... e vida terna há de nos redimir para uma caminhada de sonhos na esperança de ser... o braço e o abraço no afago amoroso nos desvãos da longa jornada.
Quanta loucura!... Oh! não... são as vozes do cerrado que cantam o novo dia nas luzes da alvorada.


2 comentários:

Augusta Carlos disse...

Jorge, o cerrado "me manca" a paisagem aqui è linda, mar, sol, montnhas, oliveiras, oleandros, ginestras e sol de 40 graus.
N-ao consegui localizar o poema de Luciano. Ondde esta?
Bjs, saudades, grande amizade.
Marcos ja te apresentou a todos atraves do faceebok.
Bjs
augusta

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Augusta, que alegria: estivemos lá - felizes e acolhidos, produzindo e nos alegrando... O cerrado é luar clamando por sonhos de novos alvoreceres.
O poema irei procurar... ficou nos comentários , pois, não consegui traduzier... Beijos e abraços a todos.
Diga pro marcos que ele vai voltar falando italiano.
Abraçosjorge