quarta-feira, 6 de julho de 2011

EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA E INCLUSÃO SOCIAL: NOVOS SENTIDOS

                                              Jorge Bichuetti

Nem toda educação é libertária. Ela pode ser um instrumento colonizador, que mistifica a realidade e aliena... Pode pautar-se num fomento da repetição e na reprodução do instituído; não se abrindo para o novo, para a criatividade e para a mudança... Com frequência, ela omite a potência da crítica, da rebeldia e da insurgência; funciona condicionando a acomodação, a apatia e o servilismo.
A educação libertária é dialogal, crítica e questionadora, criativa e inventiva, inovadora... Provocante e instigante; não anula o saber popular: não o sobrecodifica, nem o secundariza... Dá voz; dá expressão; é singularizante... Chama e provoca no outro um funcionamento ativo, de sujeito, de protagonista...
Lê a realidade e a problematiza... Atiça e ativa produções de reinvenção da realidade. Assim, se consubstancia como um caminho de afirmação da vida, da justiça social, da solidariedade e da ética do bem comum... É sonhadora; fecunda no seu espaço uma utopia ativa.
Não é cinzenta... Potencializa os bons encontros e a alegria... Move-se na escuta... atenciosa e terna... e voa na criatividade do inédito, do inusitado, dos devires instituintes do novo radical...
Assim, ela encharca  todos e a vida de sentidos...
A tirania e o vazio se efetivam sustentando-se no fatalismo e na apatia... Vida sem horizonte... Vida dada; inquestionável e não transformável...
Tecer sentidos nos fortalece e dinamiza o nosso existir. Ganhamos potência e nos inundamos de cores, sabores, perfumes... Luar e aurora.
E a solidariedade cria um novo paradigma: novo pensar, novo sentir, novo conviver, novo agir, novo existir.. O espaço dos en-cantos da partilha, amor cúmplice e luta generosa...
Baságlia dizia que ela nos de-forma... Raspa, rompe, supera a formatação dada pelo sistema repressivo e opressivo que nos fabrica negativismo, auto-imagem deteriorada, negação do compromisso e do engajamento; narcisismo e onipotência tirânica... e silêncio existencial.
A libertação é humanizante: o ser humano que é capaz de fazer-se, desfazer-se e refazer-se, é chamado a se superar para viver, intensamente o amor e a liberdade.
A arte passa, assim, a ser canal, substrato e motor... Veículo fecundante e florescência visceral...
E a política - ação e reflexão nos caminhos da transformação social - revela-se sangue e vida da educação libertária... Semente e fruto...
A educação nos caminhos da libertação...
A vida remoçada na arte de tecer sonhos e lutas... Educar, enfim, é multiplicar no caminho novos alvoreceres...
... o horizonte pede mais um passo: a educação libertária é escuta e voz do horizonte, dos andarilhos e da vida nova que há de nos entres destes diálogos florescer.

2 comentários:

Tânia Marques disse...

Leio você! Saudade! Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia: carinho e na ternura nos rodopios da saudade. jorge