segunda-feira, 11 de julho de 2011

SEGREGAÇÃO E PRÁTICAS DE CUIDADO CLÍNICAS E SOCIAIS: O ESTIGMATIZADO, O OPRIMIDO E O MARGINALIZADO...

                                             Jorge Bichuetti

Eis, novamente, um texto onde funciono tão-somente como escriba... é obra do coletivo que discutiu desinstiucionalização na Universidade Popular Juvenal Arduini.
O grupo caracterizou o corpo e a subjetividade do excluído, segredo e oprimido, pensando os dependentes químicos, a criança de orfanato, o presidiário, o idoso abandonado nos asilos, e delineou os seguintes traços de um retrato geral:
- Triste; silencioso; sem palavra e sem possibidade de expressão; cabisbaixo; desiludido; sem oportunidades; não se sentindo amado e respeitado; um resto... Cheio de revolta reprimida; sem liberdade... preso no espaço e em si mesmo... Sem esperança; só... na margem...
Pensando, podemos identificar um funcionamento depressivo-reativo, com anulação da capacidade de singularizar-se, exprimir--se, circular e no caminho, criar vida... é cinzento, triste, apático... submisso... Porém, um barril de pólvora... pois, acumula tensões e frustrações no inconsciente... Negado pelo social, tenderá a um funcionamento paranóico, vendo na sociedade um inimigo...
Para se pensar ações de inserção e inclusão, desenhou-se características do que eles desejam, hei-las: alegria, solidariedade, oportunidade, escuta, palavra, expressão, esperança, respeito, coletivos, liberdade...
Vendo este quatro, podemos apontar alguns elementos que redundam em determinantes do fracassos dos trabalhos com estes grupos de excluídos:
- o trabalho não escuta, é cinzento e triste, inibe a palavra e a expressão, reforça a ausência de liberdade e oportunidade; e tendem a massificação... Não singulariza, não fomenta o sonho...
Se compreendemos que a instituição total, é o grau zero de comunicabilidade, estamos reproduzindo-=a, muitas vezes, nas nossas tentativas de incluir...
O diálogo - escuta e palavra, é uma diretriz inalienável do processo de cuidar e de trabalhar a inclusão social sob o paradigma da cidadania.
Sem alegria, solidariedade e amor... eles permanecem deslocados e negados e tendendo a negar... Não há encontro...
Abrir espaço para a singularidade e viabilizar a capacidade de elaboração de projetos de vida, são imprescindíveis nas práticas clínicas, pedagógicas e sociais... sempre, porém, muito mais, quando se lidam com grupos cujo corpo e subjetividade mortificados, necessitam de um processo de recomposição das potências vitais para seguir a vida com autonomia, liberdade, criatividade, esforço laboral, e sociabilidade solidária e terna.
Temos, assim, um rico material para pensar a inclusão social como ato de amor e cidadania, solidariedade e alegria... liberdade... diretrizes que poderiam redimensionar a potência de intervir e transformar das nossa políticas públicas...
E  este, infelizmente, é o panorama que caracteriza o fenômeno do bullyng... discutido, temido, focado... contudo, mantido e alimentado pelo novo modo de intervir que não quebra as corentes da exclusão...
A vida voa nas asas da liberdade...

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