terça-feira, 5 de outubro de 2010

FRANCISCO DE ASSIS: O MILITANTE DA TERNURA E O DEVIR SUAVIDADE

Francisco de Assis: sol, lua, estrelas!
MARIA ALICE 


Conta-se que, que São Francisco em companhia de Frei Massau foi a um lugarejo chamado Alviano. Pararam na praça do Mercado e como sempre, cantaram uma melodia com versos que convidavam a conversão do coração, com a finalidade de reunir o povo. Depois começou a pregar. Entardecia. As andorinhas que ainda hoje fazem ninho nos altos muros e nas torres das construções voavam de um lado para outro em ciclo contínuo, cantando forte e de modo quase uníssono. Os habitantes do lugarejo que se comprimiam ao redor para ouvir a palavra dele, não estavam conseguindo entender quase nada, porque o barulho das andorinhas era muito intenso. Então, Francisco com a maior tranqüilidade, olhou para elas e com muita doçura disse: "Irmãs andorinhas, parece-me que agora é minha vez de falar. Já cantaram e falaram bastante! Escutem, pois, a palavra de DEUS e fiquem silenciosas enquanto eu falo!" Elas pararam e fizeram um grande silêncio, por todo o tempo que ele falou.
Francisco de Assis nasceu na cidade de Assis, Úmbria, Itália, em 4 de outubro de 1182. Pertencia à burguesia, e dessa condição tirava todos os proveitos. Como seu pai, tentou o comércio, mas logo abandonou a idéia por não ter muito jeito para isso. Sonhou, então, com as glórias militares, procurando desta maneira alcançar o status que sua condição exigia. Contudo, em 1206 para espanto de todos, Francisco de Assis abandonou tudo, andando errante e maltrapilho, numa verdadeira afronta e protesto contra sua sociedade burguesa. Entregou-se totalmente a um estilo de vida fundado na pobreza, na simplicidade de vida, no amor total a todas as criaturas. Com alguns amigos deu início ao que seria a Ordem dos Frades Menores ou Franciscanos. O pobrezinho de Assis, como era chamado, foi uma criatura de paz e de bem, terno e amoroso. Amava os animais, as plantas e toda a natureza. Cantava o Sol, a Lua e as Estrelas. Autor do “Cântico do Irmão Sol” conhecido também como “Cântico das Criaturas”. Sua alegria, sua simplicidade, sua ternura lhe granjearam estima e simpatia tais que fizeram dele um dos santos mais populares dos nossos dias.
   
 

Cântico do Irmão Sol
São Francisco de Assis

Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a benção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o Senhor Irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.

E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste claras
E preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Vento,
Pelo ar, ou nublado
Ou sereno, e todo o tempo
Pela qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Fogo
Pelo qual iluminas a noite
E ele é belo e jucundo
E vigoroso e forte.

Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a mãe Terra
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.

Bem aventurados os que sustentam a paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.

Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes á tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!

Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade.


COMENTÁRIOS: Toni Negri identifica em São Francisco de Assis o militante possível e necessário nos dias de hoje, vida-coerência, valores utôpicos na voz e no corpo-vida, uma vida que anuncia e já realiza em si o novo.

... Ele é um devir suavidade-ternura que nos afeta e chama para unir devir anjo e devir guerreiro...
                                                                                                                 jorge bichuetti

Nenhum comentário: