segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

DIÁRIO DE BORDO : DIREITOS HUMANOS, O DIREITO À DIFERÊNCIA

DIÁRIO DE BORDO: SOBRE A UNIÃO GAY E O DIREITO DE ADOÇÃO

                                                                      JORGE BICHUETTI





Quando iremos abandonar o silêncio e deixar nossa voz veicular o sonho de libertação?...

Quando?...

O  Programa Nacional de Direitos Humanos - 3  ( PNDH – 3)  legisla, superando a exclusão e a discriminação, e legaliza a união entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção das mesmas...

¨Liberdade, liberdade... Abre as asas sobre nós, e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz.¨

... Devíamos estar em festa. O Brasil busca o caminho do justiça e da liberdade, da igualdade e da inclusão social.

Contudo, são tantos os nãos...

Querem manter o amor sob proibição, com fronteiras, com limites que tornam a orientação sexual um crime, um pecado, uma doença... Seu destino: a cladestinidade...

Direitos Humanos? Não se sabe se é e será força de proteção da vida em sua diversididade e plenitude, assumindo, de fato, o direito à diferença ou se ele coagido pelas forças conservadoras se manterá asfixiado e moribumbo, sendo tão-somente um figura ilustrativa dos discursos...

É hora de quebrar o silêncio... Pois qualquer maneira de amor vale o canto.

A união gay é uma expressão legitimadora da complexidade do psiquismo que nunca foi monolítico, como aspiram os inseguros e moralistas.

Que moral? A falocêntrica, a mesma da guerra e da violência cotidiana.

É preciso respeitar a natureza, dizem... Que a respeitemos, então.

A homossexualidade é diferença, e não anomalia.

O psiquismo guarda, naturalmente, como potência a possibilidade de se devir n sexos.

A heterossexualidade nunca foi a expressão natural única da vida. Dominante na subjetividade capitalística, foi fabricada como modelo... Como necessidade de um jeito de viver e possuir bens, fabricação esta que mantém: a bissexualidade e a produção livre de n sexos reprimidas num inconsciente conflitivo e frustrado.

Pode, sim, ser gay às escuras, não à luz do sol, na ternura dos afetos que se constroem materializando o amor e suas frutificações de suavidade, cumplicidade, companheirismo e solidariedade de vidas partilhadas.

É hora de mudar...

Chega de exclusão...

Direitos Humanos, sim: para todos e com todos...

Diga, sim ao PNDH_ 3...

Para que não nos paralizemos na dúvida, reflitamos ...    




Refltamos...com o texto do Professor Dr. Valter - professor de psicologia -   e que este texto nos inspire a algo fazer: pela liberdade e pela justiça, pelo direito à alegria alegria e  à vida...

¨ Paternidade/Maternidade...
Questão biológica?

Questão afetiva?

Questão legalista?

A compatibilidade de células que se juntam é sempre intrigante! Vai além do que qualquer livro de ciências pode explicar! A capacidade reprodutiva presente nos seres vivos, inclusive na nossa espécie é tão supervalorizada como um bem social - a família acima de tudo! que às vezes nos esquecemos de que o dom da vida é muito maior que a condição humana de ser e existir no mundo.

É uma condição da própria vida!

De várias formas e em diferentes épocas e lugares, o conceito de família foi se construindo e hoje percebe-se que muitas vezes se atrela à capacidade reprodutiva da nossa espécie, ignorando-se em muitos casos, que as condições reprodutivas não se limitam à construção social do casamento, por exemplo. Na nossa cultura, o casamento surgiu, muito mais como uma necessidade de organização social e econômica do que necessariamente como fruto de sentimentos que unem as pessoas em torno do nobre conceito de família. A mera capacidade reprodutiva não garante e nunca garantiu a maternidade/paternidade. Nunca garantiu o amor! E pode ser que muitas vezes não seja o suficiente para garantir o mínimo de cuidados que possamos acreditar serem suficientes para um desenvolvimento adequado destes seres que se (pro)criam e interagem, ora no papel de quem é cuidado, ora no papel de quem é cuidador.

Cuidar e ser cuidado, amar e ser amado não podem ser grandezas limitadas à capacidade reprodutiva, tampouco a contratos sociais legitimados por valores burgueses, sexistas e religiosos.

Se as coisas nem sempre foram como são, também podem deixar de ser como são!

Sempre ouço pessoas dizendo que fulano ou cicrano são filhos de famílias desestruturadas e sempre pergunto:

ENTÃO, O QUE É UMA FAMÍLIA ESTRUTURADA?

No campo das construções psicológicas atuais, pode-se observar que se tende a acreditar que paternidade/maternidade são muito mais funções ou papeis, visto que um número expressivo e cada vez maior de famílias se formam no que outros chamam de "novas configurações familiares". Algumas famílias se formam em torno de avós, de pais que se casam novamente e que mesclam seus filhos numa nova unidade familiar, outros são "criados" por profissionais mais ou menos habilitados que exercem funções de cuidadores em instituições mais ou menos adequadas e aí fica a pergunta: PORQUE SOMENTE O SEXO BIOLÓGICO É CONSIDERADO PELOS SETORES CONSERVADORES DA NOSSA SOCIEDADE COMO "A" POSSIBILIDADE DE CONSTRUIR UMA FAMÍLIA?

Se temos mães solteiras que cuidam de seus filhos,

Se temos avós que cuidam de seus netos enquanto seus pais trabalham,

Se temos crianças que são adotadas por pessoas solteiras,

PORQUE NÃO PODEMOS PERMITIR QUE O AMOR ENTRE "IGUAIS" SEJA CONSIDERADO COMO FORMA DE CONSTITUIÇÃO DE UMA FAMÍLIA?

PORQUE AINDA PERMITIMOS QUE SÓ SEJAM CONSIDERADAS FAMÍLIAS AS CONSTRUÇÕES HETEROSSEXUAIS?

Questões polêmicas e que precisam de respostas. Que precisam ser (re)pensadas por parte das autoridades e por parte de todos nós que acreditamos na construção de uma sociedade de direitos!

A capacidade de amar e cuidar não podem se restringir apenas aos determinantes biológicos. É HORA DE MUDAR!¨

                                                  Valter Faria Neto




E escutemos, outras vozes:

¨Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha.¨ LUIS FERNANDO VERISSIMO


¨Esse pressuposto (de compreender a homossexualidade como um desvio da natureza, embora diga que respeita a pessoa) da Igreja é polêmico, não é aceito por grande parte da comunidade científica e não compete à Igreja opinar sobre posição científica. A posição dela é opinar sobre a qualidade da relação. Se a relação for de amor, de fidelidade, de respeito, é algo tão profundo que tem a ver com Deus”. (…)
~ Leonardo Boff

Numa entrevista, assim, pronuncia Frei Beto:
¨A questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo segue sendo motivo de muita polêmica. O senhor acha que o Brasil está pronto para aprovar uma lei dessa natureza, como já aconteceu em vários países?

Frei Betto: Acredito que sim. Estou convencido de que a tendência à homossexualidade é genética, da natureza, como a ciência vem apurando.
Segundo, não vejo porque privar essas pessoas de uma relação amorosa e marginalizá-las, levando-as a situações extremamente dolorosas, de segregação, discriminação e preconceito.
Não vejo nenhuma razão para essa atitude anacrônica, arcaica e preconceituosa de não dar à pessoa que tem uma tendência homossexual, como se dá àquele que tem uma tendência heterossexual, pleno direito de cidadania.¨


É HORA DE MUDAR...
LUTEMOS PELA APROVAÇÃO DO PNDH - 3...
PELA LIBERDADE E PELA JUSTIÇA SOCIAL, DIREITOS HUMANOS PLENOS...
E  UM  ESTADO DE DIREITO, CIDADANIA PLENA COM O DIREITO À DIFERENÇA...
PELA APROVAÇÃO DA UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO E PELO DIREITO À ADOÇÃO...
LUTEMOS...
PARA QUE QUALQUER FORMA DE AMOR POSSA VALER O CANTO, O ENCANTO E A VIDA.


                                                               

2 comentários:

Anônimo disse...

Certinho e concordo.
O amor tem passe livre.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

o amor é livre, guarda em suas entrenhas um devir passarinho.
Tem passe livre...
Nós com nosso medo dos amores, ousamos acorrentá-lo, agora, urge libertá-lo das amarras opressivas pois já não suportamos um mundo onde amar é proibido.
jorge