sábado, 20 de fevereiro de 2010

NA BATALHA DA DEPRESSÃO

DEPRESSÃO: AS LINHAS DE VIDA
                JORGE BICHUETTI

A depressão é uma realidade do nosso cotidiano. Somos uma sociedade depressiva e a crise depressiva ocorre com uma freqüência maior do que a esperada. Cresce todo dia o número dos que a sofrem...
Igualmente, lidamos mal com ela pois , vivemos sob a ditadura da felicidade e negamos que a vida é paradoxal: dor-alegria, êxitos -frustrações, conquistas valiosas- perdas amargas, esperança-desalento, encanto-desencanto...
Refazemos todo dia nosso projeto de vida. Muitos apenas reproduzem inconsciente o já vivido e perpetuado automaticamente, outros, aceitam, os sinais das lacunas, vazios, dores e inquietações e se renovam, renovando seu jeito de viver e o seu olhar sobre a vida e o caminho.
Sofremos depressão. Perguntamos, então, o que fazer?
Eis algumas dicas:
1. Não se defina pelo sofrimento, ele, neste momento compõe, mas não é você; e, assim, permaneça explorando o máximo de si mesmo e da vida, desempenhando suas tarefas e seguindo o seu caminho.
Recolha-se ao nada o mínimo possível.
Na falta de energia, respire fundo e cante:” Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”...
2. Se não consegue cumprir suas funções de trabalho, nem por isso transforme sua vida numa cinzenta inutilidade. Leia, veja tevê, passeie, converse com os amigos, caminhe, escute música... Faça algo... Caso o corpo, diga não, sapateie com força, cantando: “ Apesar de você, amanhã há de ser...um novo dia. Indo pago pra ver quando sol florescer na maior euforia.”
3. Observe sua vida, seus costumes e busque uma atividade nova, totalmente diversa das que recheiam e entulham seu dia-a-dia.
Por exemplo, se exerce atividades intelectuais, passe a executar uma atividade física; se vive do trabalho manual, procure algo no campo da arte e do pensamento. Dê um choque na sua rotina... Cantando:”Começar de novo, só contar comigo; vai valer a pena, ter amanhecido.”
4. A auto-estemas e auto-engajem na depressão estão severamente comprometidas: mude, troque o visual. Roupas, maquiagem, adereços e tudo mais, não é apenas uma forma de se revelar para o outro, são realidades que nos afetam, positiva ou negativamente... E grite: “ Ando de devagar, porque já tive pressa; levo o meu sorriso,porque já chorei demais, chorei demais.”
5. Reveja seu cotidiano e crie novas linhas de exploração da vida, inclusive reativando os sonhos não-realizados. Sambe: “ Deixa a vida me levar, vida levo eu”... mas sinta a música na pele, não a escute pelos ouvidos...
6. Caminhe... Olhe o horizonte azul... escute os pássaros... Sinta o frescor da brisa... Mergulhe os pés num riacho transparente... Dialogue com as estrelas... Entoe, o ode a alegria de Beethoven... E dance só, com a exploração do máximo de expressão e sensualidade...
7. Escreva um pequeno diário, positivando possibilidades; e lamentando as dores com coragem de visualizar que as múltiplas faces da vida. Se der preguiça, recite O Poema da linha reta de Fernando Pessoa... Grite-o, com indignação e depois, deite no chão, respire, pensando, no muito que você pode e no natural do muito que você não consegue...
8. Dedique-se a alguma causa onde os problemas sejam a vida e o outro, fora da solidariedade não existe vida nova. Cante Minha jangada de Dorival ... “ Minha jangada vai sair pro mar, vou...”
9. Inicie algo novo: uma dança, uma vivência, um aprendizado... Busque forças e cante Rita Lee: “ Se Deus quiser, um dia, eu quero ser índio”... ao cantar, sinta os pelos arrepiados de raiva, tesão, vontade de ser e viver, desejos de mudanças..
10. No consultório de Jung, havia uma frase: Chamado ou não, Deus está presente.
Não se esqueça que ele é alienação se nele depositamos a solução e nos tornamos passivos, tanto quanto é potência se nele encontramos inspiração para sentirmos parte de um infinito cuja essência é criação e paz, serenidade e renovação.
Ore, não palavras ocas para um Deus surdo, com voz viva e corpo vibrante interprete, alto, bem alto, o poema Humildade de Cora Coralina

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