terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ESQUIZODRAMAS NA PESQUISA

O USO DO ESQUIZODRAMA NA PESQUISA
                                jorge bichuetti

                                                           

                                                       Esquizodrama na pesquisa

                                                                  

Exercícios Klínicos

Exercício 1. O método em Deleuze- episteme. Deleuzear
A pedagogia Klínica (invento de Margarete Amorin e Gregório Baremblitt) é a esquizoanálise na educação, onde a criatividade inventiva emerge quando se libera o corporal-o afetivo- e- o experencial no ato de aprender, que deixa de ser copiar para ser com apreender na intensidade do que pode um corpo, na vitalidade das paixões alegres e do devir criança e nos agenciamentos da própria. Potência criativa da vida.
O primeiro exercício foi extremamente singelo e provocante.
Dá leitura de ``Carta à um crítico severo'' que se deu ao som de Sangue Latino (Secos e Molhados), Gente Humilde (Bethânia) e Minha Jangada (Dorival Caymi), pequenos grupos buscaram se afetarem e foram provocados a inventar pelo método da dramatização o que seria, então, o jeito de pensar deleuzeano.
Vale ressaltar que a dramatização para Deleuze não é um faz de conta, tem a ver com experimetações intensivas, viscerais.
Cada grupo teve um campo de aplicação do texto-afecto-dramatização.
Um jeito de pensar deleuzeano:
A. Numa investigação sobre o outro
B. Numa investigação sobre si mesmo
C. Analisando um fato
D. Compondo um fato
E. Numa colagem artística
F. Como um jeito de viver
Os grupos apresentaram e após observando ressonâncias, afectos e perceptos debateram sobre o jeito de pensar deleuzeano.
Concatenando, através do e, e,...e e; um conjunto de conclusões, uma episteme performática e afetiva; um lugar para Deleuze - homem de amizade; que se singulariza, destroçando o próprio ego; alguém que pela multiplicitação retira a vida dos trilhos (certo/errado; verdade/mentira; bem/mal) e a descobre rizoma, ora percebendo as n multiplicidades ora ressoando multiplicidades, ou seja, a um só tempo, ele fabrica rizomas; desvenda rizomas e cria conexões rizomáticas

Exercício   2. O fazer esquizoanalítico
Extrair da teoria um que fazer nem sempre é simples. Complicamos muito. Enovelamos conceitos e somos por eles enovelados.

Neste momento, pudemos utilizar um esquizodrama. Objeto direto. Clarear no corpo e na inventividade dos corpos uma aproximação com a praxis.
Secundarizamos a questão sobre o que é, e tateamos no terreno de como funciona.
Inspiração: o Antiédipo...
Qualquer fazer que se dê à moda dos bárbaros, da criança, do artista e do louco.
O Esquizodrama (invento de Baremblitt), foi aqui montado e com um uso, dentro da pedagogia klínica, e foi igualmente uma proposta de produzir, inspirados em Deleuze, mais do que memorizar o dito, provocação criativa.
O tema - os dias de hoje, limites e potências: o que fazer?
Inicialmente, o aquecimento. Ao som de ``O que será?'' - uma performace coletiva com uma multiplicidade: sons, mímicas e posturas. Bailou-se, jogou-se, treslocou-se... Aquecimento de 15'. Desterritorializante. Alisamento do estriato. Grupo intensificado; pronto para as ``descobertas'' experenciais.
Os grupos cada qual dramatizou uma faceta do cotidiano atual: as dores, os temores, os sonhos, os louvores...
As cenas dramatizadas foram intensificadas ao máximo.
Posteriormente, a partir das ressonâncias foram elas multiplicadas como:
o ritual bárbaro
o jogo infantil
o obra de arte
o delírio
O grupo, então, investigou nestas montagens as ``linhas de fuga'' e ``as linhas endurecidas-emparedadas-bloqueadas e desvitalizadas'' presentes no cotidiano investigada no trabalho desenvolvido.
Dialogou-se; trocou-se. Por colagem fez-se um retrato dinâmico dos dias de hoje.
O fechamento se deu com a montagem de uma estátua onde cada um moldava a partir do como se encontrava afetivamente ali, no momento; e dando movimento a estátua ela explorou limites e possibilidades; e, então, desfez-se ao som de ``Abre alas''. A conversa final procurou costurar o experimento focando as paisagens do cotidiano e seus movimentos, principalmente, linhas de reivenção da vida.

Exercício   3. Cartografia do amor

Aquecimento - Flores, velas, cantos, Dança da Mamãe Oxum
Paisagem 1. A ilha das poesias.
Paisagem 2. Enseadas de Flashs/fotos e imagens.
Paisagem 3. Redemoinhos musicais.
Paisagem 4. Conchas, corais do mar das lembranças.
Paisagem 5. Histórias que o barco contou.
Paisagem 6. O vento norte de um amor-acontecimento.
Paisagem 7. Miragens-Sonhos de uma noite de verão, de amor...
Paisagem 8. Revoada de pássaros/lendas de amor.
GT - afetos/ressonâncias, linhas...
Relatório - Cenas, Trocas e escritos

Exercício 4. A solidão pós-moderna
Aquecimento. Andar com solilóquios, entrando no redemoinho, bailado.

Gromolô e canoagem.
1. Cenas - mudas: solidão...
- No Mundo do trabalho
- No lar
- Na rua
- No Hospital
2. Multiplicidade/Tempestade mental - dando voz aos solitários
- o que o outro anda `` fazendo'' na hora da minha solidão
3.  Multiplicidade 2 / Tempestade mental - dando vos aos outros
-  dizendo da razão de não estar o só
4. Cenas = o que falta na vida para que as pessoas conectem-se entre si
5. Estátua - Corpos solitários
 Conexão, gerando doos corpos solitários:
Estátua Devir Solidariedade
Som: Se esta rua...
No Final, Relatos/Trocas/Relatório: enfim, um produto de uma investigação esquizodramática.

Exercício 5. O esquizodrama num processo de pesquisa
Aquecimento - alongamentos, ritual tribal, bichos hiperventilando.

1. O Objeto : escolha de um tema ...
1.1 Os Latinoamericanos na encruzilhada. Devir ou Rostidade.
1.2.A Noite e seus encantos. Território de devires, redemoinhos de buraco negro.
1.3.Por onde passa no neoliberalismo o devir Che guevara.
2. A construção do objeto: cena em que o grupo é possuído pelo objeto, e devindo-o realiza uma cena-performace.
Momento 1. Cena intensificada

Momento 2. Diálogo com a cena. Que questões?
Momento 3. Objeto-problema.
3. Produção de dados

3.1. Escolha do objeto-problema. Diálogo. Consenso
3.2. Desenho do laboratório ( a. cenas do objeto em diferentes situações, vistos por diversos atores sociais, com seus problemas, com seus sonhos, medos e desejos... b. cenas intensificadas... c. multiplicitação das cenas... d. outras experimentações ...)
3.3. Realização do laboratório
3.4. Fechamento / Relatório: desenha-se uma compreensão das linhas de fuga e de captura, produção-reprodução e antiprodução, atravessamentos e agenciamentos, rostridade e realteridade do objeto.
4. Validação do Relatório
4.1.Transformação em cenas
4.2.Multiplicar por afectos e perceptos
4.3.Intensificar
4.4.Transportá-las p/ outros Territórios
4.5.Relatório Final
Fechamento.
O que fica?
Usos
Na vida
Na produção de conhecimento
Na contrução de uma nova utopia ativa.
Roda - de - samba
*** Estes esquizodramas foram extraídos do trabalho já citado Esquizoanálise e produção do conhecimento de Bichuetti, Amorin e Oliveira

2 comentários:

Anônimo disse...

Apaixonei-me por um louco e por loucura quis apresentar-te!!!!! Louco amigo e irmão de alma, alma cúmplice da dor e da busca da paz. Um louco poeta perdido, nômade e por ser nômade achado, que insiste que preciso te conhecer. Ou até melhor talvez tratar-me contigo, quem sabe, pois eis aqui uma alma capaz de arriscar qualquer coisa por um rasgo de paz... um simples flerte de paz.
Não entende desses blogs. Meu e-mail glauciarejane@yahoo.com.br gostaria de falar com vc, o Ismael meu louco amigo que me recomendou viajar em seu mundo e conhecê-lo.
Um abraço admirado da beleza de seu blog.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amiga, a paz é fruto de um caminho onde, pouco a pouco, exploramos as potências da vida, que abundam em nós e fora de nós...
Sempre sofremos pelo regisrtro da falta.
O que falta? o que perdi?...
A alegria vive no coração dos encontros que nascem do que podemos... e podemos, amar, sonhar, poetizar; podemos ser solidários e generosos, podemos devir amizade...
meu email é utopiaativa@netsite.com.br
sempre voando entre estrelas e boas conversas.abraços jorge