segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: A ROSA DO ROSA

                                                   Jorge Bichuetti

Deve ser tarde, o relógio me dita, inclemente, que a hora é de trabalhar... Quase não o escuto.às vezes, lhe dou razão... A vida é uma viagem , maravilhoso e bela, perigosa... Um encanto breve que brilha no entre o instante e a eternidade...
Dela não sei muito, como Guimarães Rosa, digo:
  - "sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube" 
Como é sábio o nosso Rosa: "viver é etecetera".
Não consigo precisar quantos eteceteras inventei para carregar, justificar, colorir, transmutar esta viagem a quem os linguistas, economicamente, nomearam vida.
Uma viagem perigosa, cheia de atalhos e encruzilhadas, e aquela tentação de parar e adormecer no meio do caminho...
Por isso, o Rosa é minha rosa, e com ela, perfumada e sensual, chego a rosear: "Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difí­cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra."
Não é fácil seguir os desejos e sonhos, dando intensidade e vida a esta travessia... Buscando-os, ternamente, como o pássaro aconchega-se à maciez de uma flor; e, tão valentemente, como a fera arma o bote no encalço da sua caça.
Sigo, deste modo, laborioso e atento, firme e desperto, sem nunca esquecer que a "Felicidade se acha é em horinhas de descuido"...
Afinal, porque tamanha seriedade e tão grande servidão ao mundo das coisas tangíveis, e somáveis...
A poesia e a magia pode, onde o real das coisas pesáveis e concretas, feitas de aço e fuzil, nada consegue:"Todo abismo é navegável a barquinhos de papel"
Não desprezemos nem depreciemos o que pode um sonho... 
Estamos aqui no meio do redemoinho e nem mesmo sabemos o por que.. é que buscamos nossos por ques nas enciclopédias e na palavra erudita da lei e dos heróis do momento...
Perguntando, noutros campos e descobriremos que é preciso caminhar e perguntar, para escutar , de verdade, o que tem a dizer e clamar o nosso coração.
Perguntemos, então:"para onde
                                nos atrai
                                  o azul?"
E o azul silencioso do infinito ecoará nossos pensamentos, desejos e sonhos ocultados no cotidiano pelo nosso medo, pela nossa covardia e pela nossa acomodação à vida instituída, mesmo quando esta vida seja  um amontoado de cinzas, poeira e desilusão.
Não é o pó da estrada que nos ensina e nos revela, nem é ele que nos desnuda o destino e as entranhas da vida...  
Aprendemos é com o nosso próprio caminhar... Experimentando, tentando, inventando...
Ziguezagueando no caminho... onde brota uma rosa, veremos o amor e, nele, o real encantado dos que semeiam e colhem os frutos do amanhã...
"Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia" Rosa
Assim, nasce a vida: a alegria no coração de uma paixão e o novo nas entranhas viris de uma valentia.
E o azul, então colorirá nossos sonhos...
Entre um e outro etecetera... a vida e rosa num estradear enamorado, dando-nos fé e sentido, coragem e o canto sereno de um azulão...

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6 comentários:

Guilherme disse...

um azulão que encanta e dança ao som de ventos roseanos, que exprimem da flor, o desesjo de amar.

Abraços
guilherme elias

Maria Alice disse...

Fernanda Montenegro diz que "a vida é um demorado adeus"

Abraços.
Maria Alice

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Guilherme Elias, a poesia é força libertária e uma potente linha de fuga... A cultuo como se ela fosse o vento na minha vida de passarinho.
Abraços Jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

maria alice, a vida é também renovados encontros onde a primavera volta a florir na vetigem do inverno que se esqueceu de partir...
abraços Jorge

Thiago Luis disse...

Que lembrança doce de Rosa. Nós, como ele, ziguezagueando nos caminhos vamos tecendo percursos e construindo sempre novos sonhos, como os crochês e tricôs... como os novos jardins... a emoção de sempre encontrar Rosa é mesmo como o canto sereno de um azulão... que alegria, amigo!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Obrigado, pelo carinho... Uma alegria partilhar com alguém o mesmo amor por Rosa e rosas...
Venho sentindo que o universo da literatura me permite voos na saúde mental, no modo de existir e nos sonhos que me alimentam que ela vem se convertendo numa companhia amorosa, um amor intenso e profundo.
Gosto muito do seu blog e de suas poesias.
Me lembra Manuel Bandeira. Não me pergunte o motivo, pois não é racional, é pura afetação.
Uma alegria reencontrá-lo.
abraços com ternura. Jorge