sábado, 22 de janeiro de 2011

FREI BETO, UM HÉROI NA LUTA PELA JUSTIÇA E PELA LIBERDADE

ESPERANÇA: A ARTE DA TOLERÂNCIA
                                                      FREI BETO

Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente. Não confundir com o divergente.
Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e idéias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar a luz sob o meu teto.
Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregar-lhes a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio.
Até que uma voz se levantou ao fundo: "O que o senhor disse não é a verdade". O pregador indignou-se: "Como não é verdade? Eu anunciei o que foi revelado pelos céus!"
O objetante retrucou: "Existem três verdades. A do senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira".
Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Assim ocorre com Milosevic, ao manter-se intransigente e não admitir os direitos dos kosovares, e com Clinton, ao decidir que seus mísseis são o melhor argumento para convencer o mundo de que a Casa Branca tem sempre razão.
Todo intolerante é um inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como um náufrago à tábua que o mantém à tona.
Ele não é capaz de ver o outro como outro. A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo ou, como diz um personagem de Sartre, "o inferno". Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões.
O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário. Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.
Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por São Paulo no Hino ao Amor da 1ª carta aos Coríntios (13, 4-7): "é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
Ser tolerante não significa ser bobo. Tolerância não é sinônimo de tolice.
O tolerante não desata tempestade em copo d’água, não troca o atacado pelo varejo, não gasta saliva com quem não vale um cuspe.
Ele jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.
Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu.
Quem somos nós para, em nome de Deus, decretar se esses são os eleitos e, aqueles, os condenados?
Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. Porque quem ama não contabiliza ações e reações do ser amado e faz da sua vida, um gesto de doação.

pela comissão da verdade!... pela aprovação do PNDH-3!...
                          pelo direito à diferença!...
                                            pela justiça e pela liberdade!...

 MÚSICA CANTADA PELOS PRESOS POLÍTICOS BRASILEIROS... ENQUANTO ESPERAVAM A VOLTA DOS COMPANEIROS DOS PORÕES DE CRUELDADE, TORTURA E DESUMANIDADE.
... SEJAMOS TOLERANTES: A MAIOR TOLERÂNCIA É A QUE GERA MECANISMOS DE EVITAÇÃO DA INJUSTIÇA E DA DESLEALDADE...
     TOLERÂNCIA NÃO É SINÔNIMO DE IMPUNIDADE,
     NEM A EXCLUSÃO NA HISTÓRIA DA VERDADE...
                   DIREITOSA HUMANOS É VIDA!
                    E QUE ELA FLORESÇA EM ABUNDÂNCIA...

6 comentários:

Maria Alice disse...

Dr Jorge
o Blog ficou um show, com músicas lindas. E vamos dançar a vida!

"Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer...
meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer".

Esta jangada é a verdadeira suíte: do amor!
Parabéns. Amei.
Maria Alice

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Obrigado, Maria Alice: vamos navegando...
Buscando o belo e o justo nos voos da liberdade que hão de pousar um dia no céu da paz.
Abraços , jorge

Anônimo disse...

"A política é um jogo perigoso.Sem o conhecimento de História, Filosofia e Psicologia, corre-se o risco de se tornar hospedeiro e transmissor de ideologias, que tem como único fim escravizar a humanidade.com a justificativa de sua salvação".....(os cubanos que o digam).
Frei Beto poderia explicar melhor o que ele entende por justiça e liberdade, pois é fato sabido que ele é amigo e apoiador de Fidel Castro.
Existem duas vertentes para se construir uma formulação lógica: uma, a do sentimentalismo, que não tem nenhum compromisso com a realidade e é mais conhecida como delírio. A outra vertente da lógica advem de fatos concretos. Esta, nos coloca no terreno da realidade palpável.
Abraços e obrigado

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Caro amigo, não penso que seja possível simplificar de tal maneira a opinião dos historiadores, dos filósofos e dos psicólogos... Nem creio que o terreno das utopias possa ser reduzido a uma visão de que elas nascem do sentiimentalismo.
Os que pensam a vida, nelas percebendo a potência da diferença e do devir, a vêem sempre nos seus movimentos de transformação. Uns, e eu me incluo nestes, a quero transformando rumo a um mundo de justiça e liberdade.
Não tenho ainda um país-paradigma para meus ideais e sonhos, embora, guarde profundo respeito pela experiência cubana.
Creio, todavia, que o socialismo hoje já aglutina novos ideais: o direito à diferença, a sustentabilidade e a democracia direta.
Nunca apoiei a tortura nem a violência aos direitos humanos...
como nunca deixei de entender que o capitalismo é um sistema de exclusão, individualismo e competição bruta e cruel, de podridão e misitificação.
Ele se alimenta das guerras...
Ele gera uma subjetividade narcisista e egocêntrica que é frontalmente oposta à minha opção "pessoal" pela ternura, pela solidariedade e pela generosidade.
Nunca me escondi atrás de outras crenças: sou socialista e dentro das inúmeras correntes que existem dentro do campo socialista, me identifico com o socialismo libertário.
Hoje, vejo no zapatismo e nas Madres, fontes que sustentam na compreensão de que dicotomia realidade concreta e utopia é um jogo ideológico dos que não percebem quue semeamos os caminhos da história e que nossas mãos dormitam o esplendor de novos alvoreceres.
Abraços com carinho, Jorge

Anônimo disse...

A maioria das pessoas são boas . Mas querer ser bom não é fácil. E´preciso ter cuidado com as palavras ou elas podem se transformar em fumaça tóxica e produzir aquilo que se quer evitar: o mal.
As pessoas, e principalmente os jovens precisam ser bem informados, e isso não se faz com sentimentalismos pessoais, mas sim com a realidade de fatos concretos.
Quando frei Beto fala que Bill Clinton disse a respeito de mísseis para resolver problemas, ele fala de maneira leviana, pois não mostrou o contexto de onde ele tirou a frase.
Ninguém é santo, mas o fato, e a história já registrou, é que Bill Clinton salvou milhões de muçulmanos bósnios, que estavam sendo massacrados pelos sérvios a serviço de Milosievic com a sua lavagem étnica.
Abração

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo, anoto sua opinião e refletirei com cautela e prudência, com respeito e carinho.
... para mim, não me parece fácil esquecer Hiroshima, o Oriente Médio, o Vietnã, a Àfrica, nem os desaparecidos e assassinados na América Latina.
quando luto pela aprovação da comissão da Verdade penso no poeta Borges que refletindo sobre igual problema na Argentina, ele que era avesso à política, afirmou: que apagar a história é criar condições de repetir os mesmos horrores.
Um abraço terno e carinhoso. Jorge