quinta-feira, 7 de julho de 2011

POESIA: INSURGÊNCIAS SIDERAIS

                                       POEIRA ESTELAR
                                                   Jorge Bichuetti

Na minha pele, o pó do infinito
serpenteia entre feridas e cicatrizes;
risca meu corpo e nele, um mapa astral
estrutura meu destino - pelos arrepiados
nas vagas da vida que vem e vai, ondeiam
semeando no mangue úmido dos meus sonhos
borboletas azuis, flores cósmicas e u'a nova
paixão, uma estrela pulverizada no charco da desilusão,
baila e canta preces e cirandas da amplidão...

E, assim, meu corpo alvorece e a noite voa
nas asas da magia transcendental dos deuses da compaixão...


                                NOS CONFINS DA IMENSIDÃO
                                                            Jorge Bichuetti

No beco, o escuro arde
desejos banais
medos senis
vadiagem carnal...

Nos confins da imensidão,
um anjo vela
e acende no corpo caído
a chama da paixão...

Assim, o beco torna-se
uma catedral cósmica
onde deuses maltrapilhos
arquitetam um novo sonho:
- aves voam e pousam na lua;
estrelas cadentes encantam a sarjeta
e a ternura floresce no arido chão,
num coro o canto dos bêbados
recitam os versos da vida
numa insurgência sideral:
vermes e estrelas copulam e procriam
na rua uma nova oração...

O beco, então, adormece, nos braços da imensidão...




                                   SOLIDÃO
                                               Jorge Bichuetti

Lua crescente
            cisma
e rói
         a cauda
da ilusão...

a rua
         é
amor e solidão...

a lua
        cósmica
compaixão... e
o vento
             sussurros
transmutação...

A solidão
             é o choro
do luar...

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