Jorge Bichuetti
Na minha pele, o pó do infinito
serpenteia entre feridas e cicatrizes;
risca meu corpo e nele, um mapa astral
estrutura meu destino - pelos arrepiados
nas vagas da vida que vem e vai, ondeiam
semeando no mangue úmido dos meus sonhos
borboletas azuis, flores cósmicas e u'a nova
paixão, uma estrela pulverizada no charco da desilusão,
baila e canta preces e cirandas da amplidão...
E, assim, meu corpo alvorece e a noite voa
nas asas da magia transcendental dos deuses da compaixão... NOS CONFINS DA IMENSIDÃO
Jorge Bichuetti
No beco, o escuro arde
desejos banais
medos senis
vadiagem carnal...
Nos confins da imensidão,
um anjo vela
e acende no corpo caído
a chama da paixão...
Assim, o beco torna-se
uma catedral cósmica
onde deuses maltrapilhos
arquitetam um novo sonho:
- aves voam e pousam na lua;
estrelas cadentes encantam a sarjeta
e a ternura floresce no arido chão,
num coro o canto dos bêbados
recitam os versos da vida
numa insurgência sideral:
vermes e estrelas copulam e procriam
na rua uma nova oração...
SOLIDÃO
Jorge Bichuetti
Lua crescente
cisma
e rói
a cauda
da ilusão...
a rua
é
amor e solidão...
a lua
cósmica
compaixão... e
o vento
sussurros
transmutação...
A solidão
é o choro
do luar...
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