quinta-feira, 7 de julho de 2011

UTOPIA ATIVA - CAMINHOS, SONHOS E O LUAR...

                                Jorge Bichuetti

Nietzsche, o velho passarinheiro, dizia que o belo no ser humano é que somos um movimento entre o animal e o o além-do-homem; acrescentava que o a nossa grandeza é que o humano consiste num passar e num sucumbir...
Somos um caminhar; caminhando, somos caminho.
Tempos de crise: a humanidade vive nos redemoinhos da encruzilhada.
... Podemos refazer e reinventar nossas vidas e o mundo.
Somos inacabamento, projeto, um conjunto de tarefas...
Assim, cabe perguntar: para onde vamos?
Aqui, repenso meu caminho e meus sonhos... Há no céu, há no caminho uma estrela-guia.
A solidariedade e a ternura são as asas do caminho e dos sonhos que nos retira do vazio e da solidão, do niilismo e do fatalismo, do individualismo e da acomodação nos joga, de novo, na vida... Para mim, elas superam a liquidez da vida cotidiana, narcísica e competitiva, onde o outro é invisível, e institui o vínculo, o encargo, o amor. Na história, retomam o horizonte da utopia. Uma utopia ativa. Um caminhar guerreiro pela transformação social.
Ficamos pobres e vazios, solitários e sisudos, com a vida vegetando no beco da ilusão de que já não tínhamos a história... adormeceram o sonho, o segregaram no casulo das ilusões perdidas, e nós nem percebemos que ele o sonho era um preso político do império.
Precisamos anistiar, libertar, incluir no nosso cotidiano o sonho, a utopia...
Sem sonho, a humanidade banalizou a vida; inclusive banalizou o próprio amor. Tempos difíceis: urge repatriar o sonho e o amor.
Confesso, sobrevivo porque no meu quintal... o não não acabou. Che vive na ciranda encantada onde os Rosas me alimentam no desejo de viver, caminhando; de caminhar, amando; de amar, lutando; de lutar, sonhando...
Um outro mundo é possível...
Estas lições estão vivas... nos acampamentos da democracia real na Espanha... Como permanecem  íntegras na economia solidária, nos ações e movimentos instituintes, no MST, nos jovens que voltam às ruas e cantam pela liberdade...
E o sinto palpável na Universidade Popular Juvenal Arduini: a educação em movimento nos caminhos da libertação.
Ele, o sonho, verdeja na resistência dos povos indígenas; nos quilombolas... E cantam com o Candombe da serra do Cipó...
A miséria globalizou-se... não só na sua extensão territorial. Globalizou-se porque hoje está na pobreza da vida amorosa, na fragilidade das nossas redes de amizade... na violência institucionalizada. Vida de deserto. 
Dom Hélder dizia: o deserto é fértil. Semeemos nossas flores. Entre pedras, flores... No caminho, sonhos...
Ousemos, sonhar...
Povoemos nosso caminho com as florescências siderais da utopia. Uma utopia ativa: aquela que se sonha, lutando e vivendo-a. Aquela que não se esteriliza num futuro incerto. Busquemo-la já. Inventemo-la agora...
Afinal, já dizia um dos Rosa, o nosso Guimarães Rosa:
"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem"


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