Pela noite alta, vaguei mirando o céu... Senti o cheiro doce da terra... o perfume afrodisíaco das rosas... E no bailado silencioso dos álamos, a vida... A vida que é bela quando pulsa e brilha, descortinando, num suspiro ou numa lágrima, a própria imensidão, palco onde u'a ciranda de estrelas cantam a poesia da ternura permeada por estribilhos de paixão e compaixão...
Onde anda a minha Luinha?... Brinca, espiando encantada o voo dos passarinhos...
Onde vaga o meu coração de menino? Também, brinca... Brinca de ser... o colorido das pedrinhas miúdas que atapetam os riachos anônimos... Brinca de ser... o azul do caminho que clama por novos passos... na magia do horizonte, o desejo contagiante de ser e não-ser, mas de sempre seguir adiante...
Seguir adiante...
Ir-se pelo caminho, semeando floradas de paz e alegria... não é uma condição expontânea do corpo-vida no nosso mundo... O mundo instituído conspira e nos captura... ele teme a potência que emergem da poeira sacudida pelos que seguem adiante, andarilhos da vida nos ventos do devir...
Assim, seguir é teimosia e coragem, valentia e obstinação... da vida renegada que é assumida como opção, enquadre, tarefa e projeto... Opção que nos subtrai dos abismos pegajosos da apatia, da acomodação e da submissão...
O caminho é o território da vida florescente, vida remoçada, vida de resistência, criatividade e auto-superação...
Paradinha - só da Mangueira...
Caminhar é nossa destinação antropológica...
No caminho, as nuvens passam... as pedras devém escada... e os sonhos florescem, dando asas... voo na vida entre estrelas, no ventre germinativo da imensidão azul...
Dificuldades, limitações, problemas, frustrações não são instalações da reino da impossibilidade no coração da vida; são... analizadores, sinais... linhas e fluxos que desvelam o nosso caminho... Nossa travessia. O conjunto de lutas que se colocam, diante de nós, como pontes e fontes da vida que no caminho se reinventa e nos reinventa... Vida-parideira dos nossos novos eus... da nossa multiplicidade que nos dá chão e céu na produção de um novo jeito de viver, trabalhar, conviver, alegrar-se, sonhar e amar...
Somos filhos do caminho... tanto quanto a nossa caminhada é o processo guerreiro de fecundação e materialização ética e estética da aurora... no esplendor de um novo tempo...
2 comentários:
Seu texto é emocionante! Um grande abraço
Lu, sua ternura azula meus dias; abs, jorge
Postar um comentário