sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: QUE FAZER?...

                                 Jorge Bichuetti

Na madrugada alegre, o canto dos passarinhos parecia uma orquestra... com cantigas singelas, como as que nos fazem sonhar... ver além... sentir o infinito na geografia rude das linhas das nossas mãos... Não vi o luar... Já despertei-me com o sol azulando as nuvens que perambulam no céu, deixando-nos com a sensação de que estamos imersos num tempo indefinido...
O cheiro de mato... da terra orvalhada... me contagiou e estático, demorei um longo tempo... eu subia com o coração os álamos que buscam triscar o horizonte, ávidos das pulsações siderais... querendo acariciar os corpos estelares que florescem na imensidão...
Luinha nos viu tomando café... o cheiro do café me dá aconchego... me aninha no caminho... Para ela, não... brincar sim, lhe faz sentir viva e feliz...
Assim, o dia começa... o dela é singelo e belo. Necessita de pouco para ser feliz.
Penso que humanização inoculou no coração das nossas vidas o germe da insatisfação... Sempre queremos mais... facilmente nos entediamos e nos sentimos oprimidos e angustiados...
Que fazer?...
Ando tentando reinventar minha vida; busco aprender a arte de viver alegre na ousadia de simplificar minhas expectativas... e, deste modo, tento aprender as lições de ternura e suavidade que estão pulsantes e vivas no voo dos passarinhos, na cantoria do vento que acaria as folhas das árvores, impregnando a vida com ao perfume dos sonhos.
Mia Couto afirma que Jorge Amado resgata na Mãe África seu lugar de casa de sonhos...
Não seria nosso corpo uma casa de sonhos que se viu violentada quand a racionalidade nos roubou a alegria de sonhar... a magia poética de fantasiar, brincar... tecer caminhos na esperança de desbravar com valentia e teimosia o próprio porvir?...
Que fazer?...
Reinventar nosso jeito de caminhar... redescobrir na vida a vida pulsante e singela, bela e parideira... de sentidos e sonhos...
Fred Martins canta nos ecos do meu quintal... e diz que temos todo tempo do mundo... o mundo que é luar, céu estrelado, vento e orvalho, seresta matinal e cantatas de serenidade no pôr-do-sol...
Viver conectado com a vida e seus movimentos...
Amplicar a própria vida com o martelar da poesia que acorda no hoje o próprio amanhã...
Intenficar a alegria como modo de existir num caminho que cabem risos e lágrimas, canto e silêncio... encontros e solidão...
Encantar a vida com pássaros baldios; pedras miúdinhas e noites de luar...
Cantar... Cantar... e cantar: celebrar no caminho, os novos passos sem pressa ou preguiça de chegar...




4 comentários:

Josiane Souza disse...

Se permitires, eu, gritar aqui sem ruído algum,
Apenas com as lágrimas silenciosas da face dizer,
Que te encontrar é sempre magia...alquimia.
Faz-me parir as outras de mim,
Num parto feito pelas mãos divinas dessa noite que me acaricia os cabelos,
E com seu canto estelar nina-me dos anseios inquietantes de ser.
Vale uma lágrima como comentário?


JOSIE

Anônimo disse...

O que fazer? Duas coisas que aprendi que me ajudaram foi todos os dias de manhã "escolher" ser feliz e a segunda é não ter expectativas. Podemos ter esperança mas não expectativas que provocam cobrança...

beijo grande
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Josie: venha domingar... poderíamos conversar, ouvir música, tecer comidas e sonhos numa caminhada de ternura e carinho... Abraços com carinho, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne: assim, o és... não sei se foi o tempo e sua força de maturar os frutos; hoje, caminho - com alegria e esperança porém sem expectativas... Troquei expectativas por sonhos e povooei de poesias meu cainho, abraços com carinho; jorge