domingo, 5 de fevereiro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: A VIDA É METAMORFOSEANTE...

                                     Jorge Bichuetti

Estive no meu quintal... Não com meus queridos passarinhos que cantaram quando eu tentava ir pondo as coisas em dia , como bom apolíneo... Na hora me esqueci do pode o a potência de Dionísio nas nossas vidas... Trabalho deste a madrugada; porém, não é fácil por a vida em dia... Penso nos que imaginam minha negligência, minha falta de afabilidade... Nada é assim... Nos últimos dias, pude trabalhar contando com reservas... O tempo chegou, meus amigos... A ferrugem campeia e mortifica nossos corpos... Mas, ela não pode com nossos sonhos... E o sonhos andam vivos; se os esqueço, Luinha me cobra: tornou-se u'a guerrilheira da solidariedade e do novo mundo, de um tempo de suavidade e de compaixão... Antes tinha ciúme. Agora, ladra se me pega pensando sem digitar... As palavras não são somente palavras, nelas, estão meu coração...
Ouvi os passarinhos, vi o orvalho fazendo a terra perfumada de vida vindoura... Contemplei meus álamos, porém, os vi subir ao céu e os assisti de longe... sem ousar sair da cadeira... Não é nada grave, somente a vida com suas pequenas peripécias no nosso corpo...  Reanimei-me com Bethânia, se fora uma deusa... e aqui estou... lento, contudo, presente...
Não tenho saudades da juventude.
Vivo a vida na sua temporalidade; ela é caminho... e no caminho, as mudanças...
A metamorfose do bicho asqueroso tornando borboleta não é o único caminho das metamorfoses imantes a uma existência.
Queria saber o que dizer... mas sou tão pouco...
Se alguma beleza há nos meus escritos são propriedades da vida: das aves cantantes na aurora, do brilho dos álamos procurando o sol... do cheiro do orvalho... Eu, pouco tenho...
Tenho o meu amor à vida...
Tenho meus sonhos de um mundo de compaixão e solidariedade...
Não sou um intelectual... Leio algo... O bastante para saber que meus sonhos são matéria-prima da mídia... Sonho com a ternura e com a simplicidade, com a igualdade e com a vida irmanada nas relações dos de todos com direitos de cidadania e com oportunidades de realização de suas potências, forças pulsantes no coração... um mundo de iguais...
Me alegra saber que a vida é metamorfoseante... Muda incessantemente... Uma hora irá produzir-se vida de fraternidade, igualdade amor: a paz chegará...
Nunca perdi a fé no socialismo libertário... Ele é como Deus: ou é , e aí podemos crer num pai amoroso ou se não é e aí só nos resta o canibalismos das violências do capitalismo...
Não me alegra esta perspectiva niilista... É o fim.. e apesar das dores e inchaços do corpo somos tão jovens...
Não há saída: só amor guia as metamorfoses para um tempo de suavidade e delicadeza... Neste tempo, creio, espero e por ele luto...
às vezes, como hoje como um soldado desprezível por sua falta de forças... porém, lutando...


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