FÊNIX
Paulo Cecílio
veja: alcei meu vôo e fui despercebido
lançando pelos ares apenas o som do vento nas penas
alcei meu voo e o horizonte agora está bem ali
bem ali onde habitam sereias com seios de fora
onde o mar se dobra onde deus toca
onde deus toca sua harpa: tocado no coração fui
livre! e tão rápido que demorei um tanto para perceber
que não há correntes nos meus braços
que levito sem gritos sem gravidade
nao há gravidade e nada mais é tão grave,
nada me gravita:
FÊNIX
agora sou uma gaivota sem peso
foram-se chumbos, agruras
minhas sortes todas estão lançadas
agora sou um planador rebelde
escalei cumes com chumbo nos olhos
lancei meu hálito da palma das mão
soprando forte muito forte
nos ares dos andes das mantiqueiras
das serras compridas cumprimentando deus
lambendo o céu esquecendo o tempo
agora sou gaivota sem peso: esqueci as traições
os perdões agora são desnecessários
minha alegria não existe no mundo em que naufragas
meu gôzo vem de terra outra, de mares esguios...
não pulso, desliso
navego ares que desconheces
minha alegria é minha loucura em plena consciencia
em pleno voo:
meu gozo é líquido de luz derramado em frascos de ouro
sou o vazio das penas do albatroz:
pulsam em mim apenas penas vibrantes
ouvi tuas nuances conheci tuas partituras
sonhei nas espumas espessas dos amores
das noites tensas pensas por fios que agora se vão:
agora sou uma gaivota plena de dor e loucura que partiu de voces...
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