MAR EM MIM
Lincoln Almeida
O mar da minha infância, me lembro, eram cristais de safira batendo macio, vadio, irado contra o peito
As marés pulsavam agitando a água salgada que acariciava a pele ainda alva e tenra de menino
A espuma branca, vida macia que se dissipava em bolhas infinitas
Ah, que gosto de outrora
Hoje, são espasmos saudade doída
A princípio não tinha olhos para sentir o mar - a infância inquieta seduzia mais
Não vi que inevitavelmente se abrigaria nas veias
A brisa, as brumas, a areia
Atravessariam de vez o espírito
Se uniriam às cordoalhas do meu sangue
Falariam pela minha boca
Me tornando, por fim, mar também
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