A chuva acordou juvenil: barulhenta, faiscando relâmpagos e trovões... Meu corpo ergueu-se recitando Pessoa, com os músculos clamando por um devir Macunaíma... Eu e Luinha, com intenções diversas, andamos pelo quintal... focados nos meus amados pássaros vadios e seus ninhos... O verde das árvores os contém protegidos.
Só, agora, no emaranhado das palavras que dói não ter tido alvorada, a lua partindo e o sol chegando... Nem os sinos da Igreja acordaram... se oraram, oraram silenciosos... prece abreviada de menino...
Ontem, era samba, prosa e alegria... Agora, no silêncio musicado pelo vozerio da chuva, queria Bach e Tchaikovsky... Ou uma bachiana silvestre... Acho que estou com saudade de mim...
Somos tantos; são tantos os universos... que dá desejo de ser passarinho e voar... navegando na poesia das flores e no bailado do vento...
Entre risos e lágrimas, serestas e contemplações... eu teci no meu coração o palácio da felicidade... Um modesto palácio: sem reis ou rainhas, sem bufões... Sou feliz.
Minha felicidade é o meu caminho, florido de belas amizades... encantado na magia das poesias e dos sonhos.
Ama as nuvens... as vejo, dando descanso aos meus amores maiores: o luar e o céu estrelado... O sol nela se esconde e cochila... preguiça faceira, pura mineiridade...
Hoje, a vida é povoada de voos no horizonte das utopias ativas... Dia de Universidade Popular... Revoada da esperança que andarilha semeia o porvir...
Novamente, estarei numa roda... Roda de amigos...
No samba e nos caminhos da educação; na ânsia por vida e libertação... No aconchego da da clínica, no CAPS-Maria Boneca... me sinto arrastado por n revoluções moleculares... elas brotam quando na vida cultivamos nossas coletividades como Sociedade de Amigos...
Entre amigos, a vida floresce caminhos estrelas... A estrela brilha... As manhãs, mesmo chuvosas, despertam com o bailado das estrelas parideiras; inspiradoras da vida remoçada no sonho de um novo mundo...
Amigo é cais e ninho; mas, também, aditivo afetivo, catalizador, energia vitalizante e efervescência vital... Com eles, o abismo não é aterrorizador... são asas, pontes e fontes... vida partilhada: potência espinoziana - paixões alegres e bons encontros...
A amizade é uma rosa corpórea que ilumina e perfuma o jardim das nossas lutas e sonhos...
É multiplicidade rizomática, máquina de fazer viver, caminhar, amar e sonhar...
É o azul... no caminho... paz e aconchego, ternura e vida multiplicada... potência que nos permite a ousadia prudente de voar nos redemoinhos do devir...
2 comentários:
Ando com muita saudade de escrever, tanto aqui quanto nos meus blogs...quero ver você! Beijos
Tânia, muita saudade.... Tenho consigo responder mensagens no felefone... anda com defeito. Lhe adoro e sinto sua ausência,. abraços, jorge
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