A aurora se foi... Não a vi. Acordei tarde. Corpo febril, dores nas conexões articulares, onde moram a magia do nosso próprio caminhar... É só um resfriado - me avisa a consciência lógica e matemática. Porém, acordei longe dos meus passarinhos... a ausência da alvorada passarinheira me deixou cheio de saudades... Saudades de amores e paisagens... Saudades...
Do meu lado, Luinha com mimos e carinhos, me acolhe... Tenta lamber a lágrima que cai...
Viver é caminhar... Seguir... Embora, carreguemos ao longo da estrada o peso das perdas...
Não suportando a angústia, escuto canções; como se pudesse magicamente preencher os vazios com notas musicais...
Numa magia que sei explicar, as canções presentificam o vivido, o passado... como se me roubassem do hoje e me levassem para um tempo onde o amor se realiza num eterno agora...
A lembrança do vivido e do passado não me encolhe, não me corrói... Me renova, me remoça: sinto com maior sensibilidade as vozes silenciosas da roseira florida...
Assim, me percebo no entre... nas vizinhanças do porvir...
Tudo que vivemos, permanece com altivez e vitalidade, se conseguimos olhar o passado com um amor intenso, porém, com um amor liberto do apego... um amor etéreo que não perde, pois carrego nos poros da nossa pele os nossos amores que partiram, ficando...
O sol alto... próximo do meio-dia me seduz...
Ele transforma o lembrado em inspiração para a construção de novos caminhos e novos passos na sedução mítica do horizonte azul...
Aprendo, então, que só perdemos o amor não-vivido no medo e na covardia... Só perdemos a ousadia não-sonhada...
Ah! me parece que a leveza do vento chegou... e que já posso voar... para além do espaço e do tempo... na poética do amor que institui na vida e no mundo um eterno presente...
2 comentários:
Amor Liberto do Apego...
Eterniza peles, cheiros e carinhos sinceros...
algo que atravessa a alma - e é capaz de nos acompanhar pra vida! Sim! quando se está liberto!
abraços de carinho Jorge querido! Passar por aqui, é atravessar esses sabores - doces, amargos, secos, úmidos... tão reais como a vida,nossos amores.. aquilo que escolhemos como potência para nos acompanhar... O que nos entristece, rouba o sabor do encontro -alegre... este, já tão seco - tem de ser liberto... pra que o sertão também possa virar mar...
Natália Esteves
Natália, seu carinho alimenta meu coração e as vidas que perambulam etéreas nos sonhos do meu quintal... abs ternos, jorge
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