Jorge Bichuetti
Saudades! Na infância, à sombra da mangueira:
risos, bola de gude, cocares domésticos, pião,
e o corpo festivo na mi'a inocência sonhadora...
Envelheci, acumulando saudades: o brejo e o rio,
os sinos da igrejinha deserta, o despertar dos desejos
e a rosa na janela, na madrugada do primeiro amor...
Agora, a saudade é livro de rabiscos e fotos
que acinzentam as lágrimas que cansadas já caem...
A vida rodopia e nos joga no labirinto escuro do tempo...
Assim, choramos... Mas, como é bela a saudade
que nasce no salto dos minutos: eu tenho muita saudade,
tenho saudade de mim e dos outros, tenho saudade do futuro...
NAS MINHAS MANHÃS
Jorge Bichuetti
Nas minhas manhãs, a vida
é orvalho e brisa; um canto de passarinho...
Nelas, o céu e a relva se encontram,
nuvens coloridas pelo sol... bailam e eu
sou puro esquecimento: esqueço do relógio,
dos livros, da caústica realidade de lágrima e dor...
Nas manhãs, eu sou o infinito,
abraçando com carinho e ternura
o pouco que resta da vida,
e a vida incomensurável que aninha
na minha pele arrepiada de esperanha,
depois, voa nos fragmentos dos meus sonhos azuis...
Jorge Bichuetti
no amanhã, talvez,
eu me encontre... renascido:
magia e silêncio...
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