segunda-feira, 26 de março de 2012

SOCIEDADE DE AMIGOS: UMA LOUCURA ESTELAR NA POESIA DE PAULO CECÍLIO...

    ENSAIOS SOBRE A LOUCURA/ PARTE 1
                                           Paulo Cecílio
 
palavras,
palavras são tijolos :
no inicio era apenas o verbo. 

ah! se nesta hora estou!

diria: nenhum bebê sera condenado!

e espalharia brilhos e luzes tao explosivas
que mesmo quando a lingua dos homens
criasse a palavra escuridao, ela nada significaria...

metralhadoras sao palavras

que pousam pranchetas de generais
e irrompem de tinta sangue e chumbo
os passos de receptores virtuais distraídos

muito me angustia entrar em estado de escrita:

fico sem folego

minhas energias se dissipam
so de ver a sopa original o mar de palavras
que levitam rindo dos meus poucos dedos

sei que não posso dize-las todas
e engulo minha angustia,
como fazem os mortos.

o segredo é este:

mortos não existem porque desabitaram
o oceano das letras e se calaram talvez indignados

ou apenas cansados de tanta crueza

ou existem,

mas no mundo que está antes do verbo
e parece ser isto que nos fascina e assusta:
porque somos de lá. estivemos sempre lá. sabemos como é...

aquilo sim é eternidade : um lugar de palavra nenhuma
que faz gautama ficar sentado com seus dedos fechados
mandando tomar todos no cu até que alguem me esqueça

estou sorrindo agora sob a força das palavras
que brincam na meditação do mestre fazendo sons quaisquer

as palavras fazem o que querem:

dai que os mortos despacharam as palavras. ponto
 

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