sexta-feira, 16 de março de 2012

SOCIEDADE DE AMIGOS: FLUXOS ESTELARES NOS BECOS DA IMENSIDÃO; A POESIA DE PAULO CECÍLIO...

                         AMPULHETA
                             Paulo Cecílio

há uma cadeira vazia
na soleira da cozinha. 

são iguais

as velhas soleiras
com seu cheiro de café e rosas.

iguais são

no cheiro dos filhos,
no perfume dos canteiros.

sabíamos,

das fotos amarelas,
das amarras do destino.

do gesto partido, suspenso.

mas ainda assim,
cego meus olhos às partidas,

às cicatrizes dos descuidos

da inocência da juventude,
ou do perfume das renúncias .

teimo atrasar o tempo

mas,

com sua barba grisalha,
sob os gemidos da carne,

a ampulheta cavalga

na serpente das horas,
com suas presas tremendas...

 
                 A SANTA CEIA
                                  Paulo Cecílio

no seio da santa ceia, 
jorra látex, jorra néctar.

comunhão líquida jorra,
dos seios da santa ceia...

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