quinta-feira, 15 de março de 2012

CUIDADO E AMOR: A VIDA NA ENCRUZILHADA DO DEVIR...

                           Jorge Bichuetti

Cuidar é acolher; acolher é incluir... Mas, não podemos esquecer que incluir é produzir um mundo de vida, liberdade e alegria, de direito à diferença; uma vez que todo adoecimento físico ou psíquico é mortificado, negado ou desvalorizado pela exclusão das singularidades... E sendo a saúde e a doença um modo de andar a vida, é uma singularização excluída, uma insurgência rebelde que contesta a ditadura da normalidade...
                                         ***
Não é possível cuidar fora do espectro das relações transversais... Urge potencializar no corpo adoecido uma capacidade de afirmação ativa da vida... Romper a passividade e verticalidade do cuidado excludente, dando ao corpo singularizado numa dor voz e caminho para protagonize a reinvenção de novos modos de ser e estar no mundo... onde não seja estigmatizado e negado a vida singular na vulnerabilidade de um processo de reinvenção de si mesmo e do mundo instituído...
                                        ***
A corpo adoecido é um corpo profético: denuncia a falência da vida organizada no paradigma da opressão, exploração e mistificação... da vida de repetições cinzentas e vazias; e anuncia a necessidade de um novo mundo de ternura e compaixão, com corpos vitalizados na capacidade de sonhar e ser sonhados... voos da liberdade na intensidade dos bons encontros e das paixões alegres... um caminho e um horizonte de amor e solidariedade...
                                      ***
Assim, cuidar, como educar, é impregnar-se de sentidos...
                                      ***
Há um cuidado dominante que é basicamente adaptacionista e reducionista; nele, se restabelece a unidade robotizada em cheque com ataduras, recalchutagem e concertos resilientes...
O cuidado amoroso e terno, libertário, agencia a potência rizomática e singularizante da vida... Amplifica a vida com a emergência dos devires, eus não-paridos... E faz a vida florescer na primavera da aurora que instala no coração do mundo novas relações... um mundo que cabe anjos e guerreiros, índios e velhos, crianças e loucos... a arte e a magia... a vida desejante no voo alegre dos nossos corações de meninos...

2 comentários:

Josiane Souza disse...

Um sorriso fresco nasce da ousadia dos dentes que se mostram,
Querem esticar os lábios, arremessar as bochechas para perto das orelhas,
Fazer ficar rasgadinhos os olhos,
E abrir levemente as narinas, respirar mais para morder a vida!
Sorrir é dizer sem palavras...
As vezes, com ruídos,
Sonoridades esquizofrênicas.
As vezes, canções,
Sinfonia das vísceras em cócegas!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Josie:um belísimo escrito, poesia da vida nos voos do devir. abraços ternos, jorge