DIÁRIO DE BORDO: ENTRE O ABISMO E O SALTO; EFERVESCÊNCIA VITAL

                              Jorge Bichuetti

Com tristeza, carrego minhas limitações... não que me revolte ou de prima; porém, me dói não conseguir instalar no alvorecer nossos encontros de vida e esperança, no abrigo da magia passarinheira dos nossos quintais... Só agora pude vencer os limites do corpo e alegrar-me com o caminho das utopias ativas na poesia do horizonte azul... Antes, na quietude da minha cama, esperava o silêncio das dores físicas, para dar-me, por inteiro, às lutas e aos sonhos... deuses da minha perseverança inquieta e das minhas insurgências teimosas... Na vulnerabilidade, a poética do devir...

Carrego a Lua e estou vigiado pelo carinho de Luinha...

A Lua não somente astro menor... Ela é o encantamento que emerge na escuridão falando ao coração da vida remoçada no aconchego dos bons encontros...

Quero viver... caminhar... amar... sonhar...

Não quero o desencanto, a apatia e a acomodação...

Viver é resistir... Resistir é caminhar, reinventando-se e transformando a vida e o mundo...

Não ouvi os passarinhos... Mas, os tenho bandoleiros da alegria nas batidas do meu coração...

No abismo, a escuridão e olhar vampiresco dos monstros...

Uma pedra no caminho... Espinhos na carne...

Assim, busco forças novas e salto... quero a efervescência vital... O voo... 

Viver é perigoso... Navegando, sigo... entre flores que vicejam anunciando o porvir...

O porvir é esperança ativa... Nunca passividade... Mora na pele do infinito e peregrina nas nossas veias e artérias... é a força do amanhã desejando-se vida no aqui e agora do presente...

Muitas vezes, aceitamos a realidade imposta com suas violências... com o terror da repressão e desvalia inoculada pelo vírus da exclusão...

Lutemos enluarados de alegria e paixão...

Deixemos o alvorecer contagiar nossos corpos na transversalidade do tempo... Parindo o novo, a ternura e a compaixão...

Assim, começo meu dia... O blog utopia ativa... estará no ar... voando pois estrelas bailarinas nos esperam... querem nosso ventre, nossa potência parideira...  Ao longo do dia, irei postando... Não quero parar, nem desistir... Creio na justiça e na esperança - como poetizava Dom Pedro Casaldáliga... Quero os voos da vida que supera o abismo e semeia no coração do caminho, o alvorecer do canto... o canto da alegria no horizonte que desenha no chão a solidariedade e a liberdade, afugentando os fantasmas da servidão...