Havia estrelas... Num minuto, as nuvens as ofuscaram... O orvalho molhava a terra, com um cheiro exalado que me fazia viajar de retorno à infância, com a vida no singelo cerrado: mato, fruto e flores... As lembranças acordam vidas que adormecidas não falavam... Aqui, no meu quintal, o tempo é dado pela pulsações do coração... Pura instantaneidade: o ontem, o agora, o porvir se encontram e dançam o ritual das alegrias ou carpem o cipoal das tristezas... Luinha dorme... Vigiou, ontem, o meu sono; preocupada com minhas dores e angústias... A chuva tem o dom de ativar nossa memória...
As rosas não param de nascer... Permanecem ternas como um colo de mãe... Afugentam as tristezas e o desespero...
Os passarinhos logo irão cantar...
Minha Luinha é a amiga que não descansa... A pensava dormindo, e, agora, já a vejo nos meus pés...
Nada pede... Não reclama... Me tolera com carinho... me faz conter em sua vida...
Conversamos... Lhe explico que o gosto do café é gosto de café, mas, igualmente, é gosto de casa, casa materna com a ternura embalando meus sonhos...
Nos seus olhinhos, como se ali estivesse um precioso tratado de filosofia ou um dicionário com todas as palavras do mundo, encontro a definição do amor mais-que-perfeito...
Lhe agradeço o carinho...
Ela, minha pequenina, não sabe que vivemos num mundo de intolerância, incompreensão, desamor e exclusão...
A intolerância é a negação do amor includente: do amor, já que todo amor é carinho e ternura que faz o outro caber na vida.
Teimamos e não procuramos entender e aceitar o outro...
Inseguros, desejamos um mundo uniformizado...
A diferença e a diversidade que enriquecem a vida é suprimida pelo nosso modo de viver... Vivemos, excluindo...
Regras, normas, pautas-de-conduta... são normatizadas e geramos uma vida onde alguns cabem, outros não...
Nem mesmo respeitamos a vida no seu carinho e amor incondicional...
A exclusão é intimidação, mortificação, desvalorização... negação da singularidade alheia...
A vida corre... gira... rodopia... e sempre nos encontra na posição de capatazes que ditam no jugo das chibatas as ordenações do mundo... Excluímos...
Assim, empobrecemos a própria vida... Lhes roubamos a potência da diferença...
Urge que saibamos lutar por um mundo de direitos humanos e direitos às diferenças...
Um mundo de tolerância, compreensão e inclusão...
Escuto, agora, os sinos; e sei... eles acordarão o canto dos meus passarinhos...
Me alegro... A vida resiste e canta... Canto com todos e para todos...
Nega nossas exclusões... Glorifica o amor...
Um dia, saberemos que a guerra nada mais é do que capitalização das nossas pequenas intolerâncias...
Então, veremos no amor o caminho... caminho da paz...
2 comentários:
Intolerância é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar as diferenças ou verdades sobre si mesmo. Poderá ter origem nas próprias crenças daquele café "carinho" em casa de mãe. E porque não? De alguém ou ser motivado pela intolerância contra a coisificação da simplicidade da vida que nos parece caro às práticas de outrem em seus profanos pensamentos. "A imaginação é a louca da casa" e a intolerância pode resultar em perseguição e ambas têm sido comuns através da história. A maioria dosintetelectuais organicos já passou por tal situação numa época ou noutra. Se não se expuser as raizes experimentais do que realmente sentimos, nada pode ser sabido. As raizes ja estao dadas em cada trecho do que por mim foi lido sem precisar saber quem luinha o é. O é talvez a base experimental com que muitos dela fazem ciências. Organizar aquilo que sentimos é talvez desenhar matrizes epistemiologicas e jamais serão diferentes dos lobos da verdade. A relaçao de minha interlocuçao serveria apenas a unica maneira entre o sujeito e o objeto de dizer bom dia e assim poder participar dessa interlocução tal como a análise textual teria como ponto de partida a evidência igualmente compartilhada no amor o caminho... caminho da paz...tudo que nos sabemos DEUS já revelou, mas experimentar o café ao pé com Luinha é a única forma de conhecimento seguro daquilo que se busca a cada manha.
Meu amigo, ouvi aqui o que meu coração tentva dizer... lhe agradeço o carinho... e lhe digo que luinha é luinha, mas também um coletivo que lhe leva o nome, porém, é a amizade como caminho e carinho; abs ternos, jorge
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