segunda-feira, 5 de março de 2012

POESIA: NA ENCRUZILHADA, O VENTO... O BORBOLETEAR DO DESTINO

                         ENCRUZILHADA
                                          Jorge Bichuetti


Escrevo nas nuvens,
para não abrir as minhas feridas
que as tenho sangrando
no bailado arrítmico
do meu coração,
este meu coração envenenado
de tédio, cansaço e de vazio, 
como se o fel da maldade
houvesse contaminado meus sonhos,
riscando com a lámina de um punhal
os meus ternos e alegres cantos,
meus voos na imensidão,
meu repouso nos braços da esperança...


Só.Sigo, entre lágrimas,
e enlouquecido unto e colo
meus retalhos de sonho e vida,
semeando flores
na minha solitária sepultura;
cheio de ânsia, espero
que um dia a minha sede seque,
minhas dores,adormeçam,
para eu só recorde
o canto dos passarinhos
na ternura da aurora,
que hoje não vejo, mas que sei
voltará... voltará... Voltará...


                   ASSIM, CAMINHO...
                                Jorge Bichuetti


Se voo, não temo 
a linha do horizonte;
ali, entre nuvens, estrelas
e o encanto do luar
cultivo flores e sonhos
e ajoelhado saúdo na aurora
o Sol de um  novo dia...


Se parado, sou fisgado
pela aridez do solo;
pulso agônico, então, entre
o brilho bailarino da vida
e as cinzas torpes da minha própria morte.


Meu coração é assim...
a terra só verdeja,
se é caminhos... Viagens
entre o que ficou e o que virá,
viagens entre o esquecimento de mim
na esperança parideira
do meu novo renascimento.


Para ficar, há de se dar
e no se dar o parto,
as floradas da multidão
que jazem inertes no visgo do meu ego,
sem pre à espera
dos encontros germinais
das contrações gestativas
dos delírios que dobram a esquina,
para que entre a vida e a morte,
viceje o borboletear do devir...

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