ENCRUZILHADA
Jorge Bichuetti
Escrevo nas nuvens,
para não abrir as minhas feridas
que as tenho sangrando
no bailado arrítmico
do meu coração,
este meu coração envenenado
de tédio, cansaço e de vazio,
como se o fel da maldade
houvesse contaminado meus sonhos,
riscando com a lámina de um punhal
os meus ternos e alegres cantos,
meus voos na imensidão,
meu repouso nos braços da esperança...
Só.Sigo, entre lágrimas,
e enlouquecido unto e colo
meus retalhos de sonho e vida,
semeando flores
na minha solitária sepultura;
cheio de ânsia, espero
que um dia a minha sede seque,
minhas dores,adormeçam,
para eu só recorde
o canto dos passarinhos
na ternura da aurora,
que hoje não vejo, mas que sei
voltará... voltará... Voltará...
ASSIM, CAMINHO...
Jorge Bichuetti
Se voo, não temo
a linha do horizonte;
ali, entre nuvens, estrelas
e o encanto do luar
cultivo flores e sonhos
e ajoelhado saúdo na aurora
o Sol de um novo dia...
Se parado, sou fisgado
pela aridez do solo;
pulso agônico, então, entre
o brilho bailarino da vida
e as cinzas torpes da minha própria morte.
Meu coração é assim...
a terra só verdeja,
se é caminhos... Viagens
entre o que ficou e o que virá,
viagens entre o esquecimento de mim
na esperança parideira
do meu novo renascimento.
Para ficar, há de se dar
e no se dar o parto,
as floradas da multidão
que jazem inertes no visgo do meu ego,
sem pre à espera
dos encontros germinais
das contrações gestativas
dos delírios que dobram a esquina,
para que entre a vida e a morte,
viceje o borboletear do devir...
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