quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ANTE A DOR: CAMINHOS DO CUIDADO E DA VIDA REINVENTADA...

                                         Jorge Bichuetti

Sonhamos, ingenuamente, com uma vida toda feita de risos e alegrias... Queremos felicidade plena...
E a dor chega e, logo, nela, vemos uma inimiga... A dor é , acima de tudo, um analisador: desnuda revela, ensina... nos mostra a realidade , nua e crua, com suas injustiças, misérias e falências...
Há na dor algo mágico: nos retrata na nossa humanidade; como fotografa a própria humanidade...
Assim, na dor... temos as fissuras da vida e do mundo... nos indicando o trabalho coletivo de superação de uma realidade que maltrata, sevicia e violenta; e pede a construção de uma nova humanidade...
No menino caído na sarjeta... grita vida e clama por uma humanidade solidária, terna, generosa e de compaixão...
Na nossa lágrima na separação de um grande amor... novamente, fala a vida nos assinalando a necessidade de romper com o nosso modo de amar - simbiótico e possessivo - e clama pela invenção de nova suavidade nas relações de amor, onde a partilha e cumplicidade, a sensualidade criativa e lealdade responsável nos criaria novos vínculos, marcados pela alegria dos bons encontros...
Nos desastres catastróficos da natureza... há um clamor: o fim da destrutividade canibal e a instauração da sustentabilidade harmoniosa...
Quase sempre nos afogamos no oceano de nossas lágrimas, porque o vivenciamos sob o paradigma da culpa e do ressentimento e o enfrentamos no imobilismo fatalista da acomodação.
Ali, na dor, está uma fronteira... entre o mundo que vivemos e que se esgotou e o mundo que precisamos ter coragem e ousadia de sonhar , de buscar, lutando...
A dor pede vida nova e mundo novo, uma nova humanidade...
Pueris e passivos, rogamos uma vida sem lágrimas...
Não nos atrevemos a perguntar, a problematizar a origem, o contexto, e o porque da nossa vulnerabilidade...
Fugimos de ver e sentir o caminho que as lágrimas nos apontam...O caminho das mudanças, do novo... Da luta por um outro mundo possível e necessário... e o esforço íntimo para o nosso próprio crescimento e renovação...
Já dizia Guimarães Rosa: " O diabo não existe, Se existe, existe homem humano. Travessia."
Assim, ante nossas lágrimas e diante das lágrimas do mundo, não fujamos, aceitemos os alvitres da vida e busquemos a travessia necessária para desbravar os encantos do horizonte azul...

6 comentários:

Anônimo disse...

Um grande abraço. Bjos na Lua.
Eu...

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amiga, tivemos tantos problemas... que não pude ir vê-la.... mesmo sabendo que iria me dar ânimo novo...
A Luinha está com uma pequena ferida... mas alegre e amorosa; beijos e fé , abs ternos, jorge

Vid@Cigana disse...

DOR DOIDA

Sozinho se cala
Baixinho se fala
Mancinho se ouve
Juntinho se vive

Chorar silencia
Olhar vivencia
Cuidar alivia
Doar faz Maria

O tolo espia
O miolo esvazia
O solo avalia
O colo acaricia

As vozes lutam
Os vôos soltam
A vida vai
O vento volta


Abraços Ciganos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sumaia< saudade e carinho... este belíssimo poema sai amanhã... meus abraços cheios de ternura, jorge

Anônimo disse...

Dr. Jorge, seria "MUITA EMOÇÃO" encontrá-lo no hospital.
Não sei se daria conta de ficar firme.
A sua presença pertinho de nós (Marcio, Vânia e eu)mesmo estando distante fisicamente, é sempre sublime.
O seu apoio, carinho, ombro, palavras de conforto, recebemos através do amor!
Te abraço com afeto!
Onde a menina Lua, pegou este machucadinho!
Eu, viu....

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Minha querida irmã e amiga, aqui, estamos, eu e a Lua - vocês vivem nos meus pensamentos diários... Fé, carinho, ternura e esperança... Orações ao infinito na finitude da minha pequenez, mas animado pela compaixão da imensidão...
A Luinha pegou, um fungo e se machucou, coçando... um ferida aberta que vamos cuidando, confiante que logo ela já estará boa... o tempo voa... As noites longas não resistem ao belo alvorecer que chega na bênção da superação... Meu carinhoso abraço a você aos nossos amigos... com a ternura da amizade e a esperança da fé, jorge