Corpo exausto, sono aconchegante... Para meu espanto, minha Luínha me despertou, persistente rompeu muralhas e me trouxe... E eu que a imaginava ciumenta, odiando o blog... Não ela me ama: amor é partilha; não é nunca possessividade nem competição... É ternura partilhada; fortaleza erguida no viril existir da cumplicidade...
Estive no quintal: cheguei lá com os passarinhos... Havia um ar de noite, como se a Lua partira , deixando-me seus beijos de saudade... O sol chegou... um suave e tímido azul... os álamos, o limoeiro, a romã e as samambaias... ali, juntos da roseira me mostravam o carinho do orvalho... Sentindo-os... os amei, agradecido...
Recordei Mario Quintana: " Como tristes os caminhos se não fosse a presença mágica das estrelas."
Julgamos a vida com equívocas: a vida é pródiga de alegria...
A lágrima que cai doída, orvalho o chão e o chão umidecido floresce...
A lágrima acidificada na revolta da lamúria, do lamento, esteriliza a visão, cega... nos rouba o brilho do horizonte azul... Nos paralisa... Nos entorpedece... Ai, não caminhamos; parados, rodopiamos na ferida doída; inconscientes a idolatramos... a idolatramos a ponto de deixar de viver para impedir que a generosidade da vida a cicatrize... Eternizamos nossas tristezas; suprimindo do caminho as inesgotáveis fontes de alegria...
A vida é criança travessa; cirandeira, festeira... cheia de encantos, risos e cantigas... é fonte, é ponte... incessantes passagens para a alegria.
Se a alegria não chega, não duvidemos: fechamos as janelas e as portas do nosso coração. Enjaulados nas recordações tristes, evitamos a alquimia do destino que tudo renova... reinstaurando no existir novas e belas alegrias...
A vida é abundância: alegria incomensurável, de múltiplas cores e sabores, de mil tons; cantigas e cirandas... encontros e voos... aconchego e cuidado...
A tristeza exacerbada e perenizada é nosso ego, supliciada narcisicamente pela falta; evitativo... arredio... negativista... passivo e submisso à dor... É vida negada na abundância das infinitas possibilidades de alegrar-se e alegrar...
Ousar ser feliz... é caminho; não é milagre...
A vida contém as estrelas e o luar que dão alegria e vida ao ato de coragem de superar as lágrimas, caminhando... No caminho, encontramos, aqui e acolá, a magia da alegria que como a relva medra entre as pedras e verdeja, revitalizando o existir, e impregnando nosso coração com novos sentidos...
Nosso mundo nos subjetiva para ser o lamento da falta; precisamos romper e nos afirmar como vida que funcionando na vivificação do que nos excede, é vida parideira e festeira... Parimos novas alegrias... Celebramos a vida na ternura de ir pelo caminho na ousadia de sempre amar e sonhar...
A flor que brota... o luar que encanta... o verde que acorda a esperança... o azul que pacifica... as estrelas que bailam no céu... tudo é clamor da vida, da vida de alegria que mora no nosso coração quando o deixamos ser coração que borboleteia entre o belo e o singelo que é sempre alvorada alegre na arte de recomeçar...
O amigo que nos escuta... o irmão caído que nos agradece a mão estendida... a poesia que nos emociona e fascina... a música, a dança, a festa... tudo é clamor da vida de alegria que nos penetra a alma e nos reencanta... e encantados pela alegria de ser um suave ternura... um uma solidária compaixão... nos transforma e nos torna corpos da vida de alegria que perambula, sorridente, na aurora de esplendor da arte de viver, alegre, entre lágrimas e risos, entre o silêncio da meditação e a cantoria da louvação... por coragem de ser...caminho, caminhos... do amanhã...
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