Jorge Biochuetti
No caminho da utopia, há vidas
que se dão... sementeiras e voos,
um estar além do possível, um ir
além, tecendo com as próprias mãos
a aurora e o dia
da ternura libertária,
da partilha solidária,
da cálidade liberdade
que instala a vela acesa
nos cantos da escuridão...
No caminho da utopia, há flores
que brotam no coração da multidão...
No caminho da utopia, há lutas -
no medula do agora... incendeia o amanhã...
ENCRUZILHADA
Jorge Bichuetti
Este caminho reto, pedregoso
e íngreme... ondula e mareia,
nele, vamos no rodopio que nunca
vê o horizonte; pois é caminho vazio,
na aridez da razão... é a força
do cativeiro acorrentando as asas
da magia e da poesia, do sonho
de florescer sol de um novo amanhã...
Andarilhos, descubramos na reta
a curva... a turva encruzilhada,
nevoenta e muralha, que no caminho
é o abismo entre o hoje e o porvir,
entre as pedras espinhentas e as floradas
que no amor hão de vir... belas e singelas,
flores de uma nova estrada,
um caminho desbravado
na ousadia da luta,
um caminho conquistado
nos saltos da utopia...
Além da encruzilhada, que no medo paralisa,
há um campo verdejante e um belo céu estrelado...
Andarilhos do porvir, ousemos romper
os selos da maldita servidão...
além do escuro do abismo, há a vida
que na ternura é vida,
é vida de comunhão...
ESTA FLOR
Jorge Bichuetti
Amor, já choramos tanto...
lágrimas de solidão,
feridas na servidão...
Amor, juntos ousemos
semear u'a roseira
no deserto da exclusão...
Amor, nós e os outros,
unidos iremos parir
u'a nova primavera,
um novo céu de anil...
Aí, então, nos beijaremos;
amor terno e sincero,
lealdade e partilha...
um êxtase, fruto maduro
na calorosa alegria,
do nosso amor na multidão...
28/09/2011 - no CEA - Conferência de Frei Betto
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