Ontem, na noite, me encantei com o luar e o céu estrelado... Na aurora, minha lentidão e fragilidade mergulhou na magia do sol nascente e do canto dos meus pequeninos pássaros, companheiros da vida na alegria do alvorecer... Só agora, após cuidar e acolher as dores que mundo tenta não ver, volto ao quintal... No cuidado da loucura, a vi expontaneidade, voo livre, singularidades coloridas e florais... Aqui, estou... Meu corpo vibra e pulsa, sente... Há o vento: acalanto vespertino com borboletas e cantigas que me desfaz e me refaz... O vento, na sua nomadopoética, fala ternamente do que tenho por perto e do que me espera distante... Dele, quase nada sei... Não sei de onde vem nem para onde parte... O sinto, amigo, vida partilhada na cumplicidade que narcotiza minha pele e a faz sonhar... Suavidade solidária; diálogo sem palavras...
O vento voa e peregrino: refresca os ardores do meu corpo e acende as fogueiras sonhadoras da minha alma....
Grato, me preocupo. Pergunto no silêncio: terá o vento em algum rincão da imensidão uma casa...
O vejo andarilho... e o imagino amigo-irmão do povo da rua e da floresta... amigo dos meninos de rua, dos mendigos e dos ciganos... e amigo dos tão maltratados irmãos que reprimidos e suprimidos vão sendo invisibilizados pela repressão na cracolândia e nas favelas...
Indignado, choro... não mais minhas lágrimas, nascidas das feridas e articulações enrigecidas que ferem meu corpo... choro as lágrimas da humanidade, que os identifico caindo do azul céu que desenha no infinito os clamores da esperança...
Que mundo este?... Quanta dor, quanta morte!
Conto ao vento que nem todos param para louvá-lo... e que poucos os escutam quanto ele narra as dores e chagas que mortificam os desvalidos da nossa pobre e esquecida humanidade...
Com loucura, por um minuto, escuto o choro do vento... Mas, rápido, logo... ele começa a me falar das esperanças adormecidas e dos sonhos tímidos... que um dia acordarão valentia e justiça, dignidade e vida...
Meu corpo pede repouso, não o escutarei...
Quero gritar a poesia do vento que andarilha semeia novas esperanças, novos sonhos... Move-se atiçando nossas vidas... numa confiança cúmplice de que em aalgum momento, calaremos nosso silêncio e inventaremos a ternura solidária de uma nova palavra, guerreando por uma intepestiva libertação que nos resgate para além do meu, teu e dele... ele crê que descobriremos mística do nosso...
Nossa dor... Nossa esperança...
Nossa indignação... Nossa luta...
Nossas mazelas... Nossos sonhos...
Como será belo quando a vida amanhcer vida de todos e para todos: diversidade e comunhão, partilha e amor incondicional!!...
O vento segue... e eu, acordado, sonho...
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