Jorge Bichuetti
havia um fuzil na rua,
uma nuvem turvando
a lua...
havia um corpo nu,
sangrando a noite
crua
e cruel, nos exigia
silêncio,
para que se ouvisse,
tão-somente,
o estalido
do fuzil...
Não fomos à Lua,
nem pudemos ser
as flores da rua...
semente sonhos
renascemos;
e, de euforia,
cantamos...
Liberdade, liberdade:
tortura nunca mais...
Liberdade, liberdade:
na jardim da democracia,
justiça e verdade,
as flores hão de voar...
Sobrevivemos. O povo se encantoue na luta abriu as portas de um novo tempo.
Chegamos, aqui... com uma lição de vida: não se sobrive se não conseguimos com a arte acender uma vela na escuridão... Lição... da história... para todos. Na política e nas dores da vida, só sobrevivemose devimos fênix, cantando...
na dor da repressão, com o silêncio imposto, choramos nossos mortos, etorturados, desaparecidose exililados; e choramos nossa falta de liberdade, com a arte de um sabiá...
choramos...
lutamos, resistimos, enluarados na utopia...
derrotados.
persistimos... numa lágrima, se cantava a vida que era morte vivida...
por nossos filhos,
com nossos filhos, ressuscitamos a esperança... Anistia, direitos humanos, pão... terra... liberdade...
cantamos nossos sonhos, nossas lutas...
Com fé,
voltamos pra rua, nos reorganizamos e conseguimos a democracia, cantando:
e já com alegria, vimos o jardim
cantar suas flores e o alvorecer...
assim, hoje, 47 anos depois...
saldemos, celebremos a luta e a resitência...
exijamos direitos humanos, o direito à diferença...
reinvindiquemos a aprovação imediata da Comissão da Verdade... Saibamos cultivar o sol da liberdade...
direitos humanos, sim; tortura nunca mais...
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