A ÂNSIA DAS MATAS
Jorge Bichuetti
Longe, das árvores,
sem o canto
dos passarinhos,
o rio secou...
Triste, a Terra
chorou;
um choro
sem água
sem lágrimas
sem adeus...
Só, um seco
lamento,
extrema-unção...
Um rouco gemido,
uma navalha
na carne
da imensidão...
MEU TRISTE SABIÁ
Jorge Bichuetti
Na gaiola, o sabiá
solfejava o seu
chorinho
noturno
um sonho
de penas...
Lamúrias
da saudade...
Recordava, o verde
as matas
o riacho
um cacho
frugais pencas
onde floriam
outrora
seus madrigais...
NOSSO HUMANO APOCALIPSE
Jorge Bichuetti
Suspira a noite no silêncio
da vida que no limbo se vê
numa lenta e árdua agonia...
as estrelas salpicam o céu
e como se vagassem numa romaria,
brilham num encanto de luz e fé,
imersas no incerto, crêem num novo dia...
as verdes matas incendiadas
e cortadas... Jogam no ar
as cinzas do tempo... A dor
do último passaro que a Terra beija
com sua singela e brejeira cantoria,
lançando no chão uma última lágrima.
Deus ajoelha-se num novo asteróide e chora...
Chora, no céu, na sua manjedoura de bambu;
e, só, lamenta o arbítrio humano...
Só... ele, a escuridão e a estrela-guia...
UMA ESPERANÇA NO AR...
Jorge Bichuetti
( ouvindo Um Índio de Caetano Veloso )
Terra seca, ar
de fuligem;
um cinza no céu...
Vidas secas: há
um pouco amar;
nenhum sonhar...
Nas estrelas, um
índio insurgente
deseja, aqui, guerrear...
Se vier, semear;
o homem das ruínas,
o barco, deixará...
e tudo, de novo,
irá, solenemente,
verde verdejar...
quarta-feira, 30 de março de 2011
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