terça-feira, 22 de março de 2011

POESIA: ASAS DA CANTORIA

                                                 CANTORIA
                                                            Jorge Bichuetti

Passarinhos na janela,
cantigas de ir e de vir...
Uns cantam e a chuva cai;
outros já fazem o sol sair...

Seresta, viola e u'a flor
nas noites enluaradas:
romarias do amor,
mandingando o porvir.

Batuque: fé... Cantoria
na esquina do devir,
entre a prece e a alegria...

Lual: fogueira e poesia,
ritos da escuridão,
e a vida se acaricia...


                                   SERENATA
                                          Jorge Bichuetti

Na janela, uma flor;
numa esquecida noite,
o amor...

Dedilhado, o violão
adormeceu
a paixão...

Entre fotos, uma cantiga...
Lembranças
tão antigas
de uma bela
e doce ilusão...


                               LUAR
                                         Jorge Bichuetti

Onde anda o luar
que ilumava seus olhos?
Onde anda  a canção,
a poesia
e o violão?...
Numa noite, lhe vi meu amor,
depois, com o tempo,
com o sol da estrada,
com a poeira da jornada,
e com minha  triste e amarga desilusão,
não sei, mas o seu encanto partiu,
repartiu-se...
Quase nada comigo ficou...
Foram-se as cantigas,
os versos se misturaram
com os imperativos,
e perderam a magia,
se travestiram e na filosofia
se tornaram
singelas alegorias...
O violão sem cordas,
no canto da sala,
já não chora, já não vibra;
é só  uma alma penada
do nosso amor arquivado.
... Porém la fora, o luar persiste...
E a lua me olha
como se fóssemos,
na paixão,
a própria encarnação,
de uma vil heresia...

2 comentários:

Guilherme disse...

Jorge!
Tua poesia erradia vida e conforta o coração em desvio.
Engendra coragem para saborearmos o gosto e o cheiro da lua.
Este violão sem cordas, talvez vibre em outros luares.
Numa serenata feita com os olhos apaixonados pela vida.
Um abraço.
Guilherme Elias

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Guilherme Elias, partilhar contigo poesia e esta caminhada , lutando por enternecer a vida e enchê-la de sonhos, pra mim, é uma alegria imensa...
te admiro e amo tuas poesias; abraços com ternura e carinho, Jorge