Jorge Bichuetti
Com a modernidade, pragmática e cientificista, o real passou a ser somente o concreto-palpável, pesável, medido... Os cinco sentidos ganharam o estatuto de crivo da realidade.
Assim, são secundarizados e marginalizados os outros modos de se acercar da vida: a magia e o misticismo, a arte e a imaginação...
Durante muito tempo, isto parecia natural e eterno...
A física quântica, a sistémica e a biologia de Maturana e Varela abriram fissuras na própria ciência; e, hoje, é inegável a realidade do virtual...
O virtual são potências e possibilidades que já estão e são imanentes ao que denominamos realidade,porém, que ainda não foram atualizadas, isto é, não ganharam forma, corporeidade e consistência...
Podemos, assim, dizer que esta realidade na qual vivemos imersos não é a única realidade existente...
Baremblitt, nomeou de realteridade às virtualidades imanentes que não foram ainda atualizadas...
O que vivemos... vemos... escutamos... cheiramos... e sentimos... não são as únicas possibilidades dadas , neste momento, na vida de uma pessoa e na vida do mundo.
Há outros eus que não foram e não ganharam espaço de vida na vida do homem...
Há outros mundos que, igualmente, permanecem na virtualidade, pois, não foram atualizados na realidade, embora, já existam, pois, permanecem sem planos de consistência que os corporifiquem...
Dada a realidade do virtual, a questão é como os tornar atuantes e presentes?
Deleuze afirmou que este processo não é gerido nem pela falta nem pela negatividade...
Disse que virtual se atualiza mediante uma ação afirmativa, uma divergência ( luta), ou uma criatividade...
Afirmar, na vida, uma virtualidade, é incorporá-la em si mesmo e no cotidiano...
Divergir do real é uma luta que passa pela atualização de uma virtualidade, e não, simplesmente, pela denúncia ou negação do real insatisfatório...
Criar é dar vida às virtualidades que permanecem in-corporais no real...
Nos caminhos da vida, a utopia perde o lugar de uma fantasia tresloucada da vida inconsciente... Ela é, no plano das subjetivações e da luta por um outro mundo possível, uma virtualidade que necessitamos para viver um processo de vida plenificando nossas potências e os nossos sonhos...
Estamos hoje diante do novo e da mudança, os sabendo vivos e férteis, vidas que se desejam ganhar espaço e corpo no coração do próprio caminho, dando-nos novos horizontes e colorindo nossos dias com as cores da alegria e da paz. Busquemo-los, então...
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14 comentários:
Bom dia Jorge! Gostei do texto, inovador e e realista em um mundo surreal tanto quanto as obras de Salvador Dali. Seria esse o paradoxo ao qual estamos diante? O reacionário dando lugar às incertezas do próprio Eu? A idéia que se tem de si se transformando em numerosas possibilidades do criar e do ocupar um lugar nesse virtual. É essa a possibilidade ou fantasia que encanta? Parabéns amigo. Amei. Abraço de LuGoyaZ.
Ah! Meu noivo se formou em Uberaba e fez a pós-graduação em Minas também. Beijo grande amigo. LuGoyaZ.
Oxa, que belo jeito de falar do virtual. Muito claro, cristalino. beijo Jorge da Marta
Lu, sim, estamos diante de uma potência revolucionária... O mundo reacionário caminha para a própria ruína: teoria e prática... Embora, ele sempre pode se rearmar e nos capturar... Precisamos sonhar com ousadia e lutar com prudência... Minas é uma terra acolhedora, venha nos visitar... Abraços com ternura, Jorge.
Lu, sim, estamos diante de uma potência revolucionária... O mundo reacionário caminha para a própria ruína: teoria e prática... Embora, ele sempre pode se rearmar e nos capturar... Precisamos sonhar com ousadia e lutar com prudência... Minas é uma terra acolhedora, venha nos visitar... Abraços com ternura, Jorge.
Marta, o virtual encanta; pois, é os caminhos da utopia... que vínculos mantém com o CsO? como se relacionam num império que os inibem? A filosofia precisa ser singela, porém, não simplificada... Ou simplista... Me ajude; me corte quando brucando o singelo , eu cair no banal...
Abraços, abraços, muitos abraços: jorge
Jorge
O virtual tem sido assunto que incendeia sentimentos! "é inegável a realidade do virtual..." As pessoas têm muita dificuldade de entender o significado da palavra 'virtual'.
É um espaço? Um conceito? Uma criação de nossa imaginação? Uma boa discussão com um bom vinho na mão :-)
beijos
Anne
Vc banal, Jorge? Eu não vi. M
Sobre a realidade eu prefiro aquilo que eu mesmo concluí, mas sabendo que isto já é sabido por alguns antes de mim, claro: "nos primórdios, antes do advento do pensamento, da fala e das palavras, o Homem vivia somente o fato, a verdade pura.
Ao inciar o pensamento, a fala, as palavras se tornaram um instrumento para criar "realidades", o que faz me tornar mais cuidadoso com o meu semelhante, pois eu tenho consciência de que a disputa que existe entre as pessoas faz parte dos instintos, e acho isso muito natural, contrariando à falsa moral daqueles que combatem a nossa natureza.
Enfim, tenho muito cuidado, embora falhe muito, em avaliar se um discurso retrata um delírio ou uma verdade.
Abraços e obrigado por criar este espaço bastante útil, a meu ver.
Anne, ele, o virtual, já não é os eflúvios etéreos da fansmagórico: é vida... entre a imaginação e a arte; entre a magia e o devir...
Quantas boas conversas este assunto mobiliza,não
abraçoos com carinho, Jorge
Marta, se vê, me puxe para a criatividade... Abraços com carinho, Jorge
Caro anònimo, existe toda uma caminhada de debates e trocas, onde vamos conectamos com compreensões diversas e nos enriquecendo com o outro
Um carinhoso a braço, Jorge
Então, não ví banalidade, mas lhe proponho: o ôvo de D&G.
beijo
M
Marta, querida, sempre me levando a paragens novas: um beijo com carinho, Jorge
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