domingo, 27 de março de 2011

CINCO REFELXÕES SOBRE O VIDA E OS SONHOS...

                                                                        Jorge Bichuetti

Existem caminhos que nos revelam um novo mundo; porém, nunca os trilhei sem que eles me desnudassem a alma, também... Nos vemos no mundo e vemos o mundo do lugar que estamos. Assim, o mundo visto fala de nós e que somos conta do mundo que vemos... Não consigo caminhar longe de uma visão que perdura... Vejo um mundo de desigualdades e exclusão, injustiça e destruição; e vejo como um militante social das utopias libertárias... O marxismo me ajuda a pensar a molaridade do mundo do trabalho, das relações sociais de exploração e opressão... A mais-valia, o fetichismo da mercadoria, a alienação e a luta de classes persistem na paisagem do mundo que vejo e sinto...
Assim, sou um socialista revolucionário; porém, nas muitas caminhadas não sou ortodoxo: creio que a revolução necessita de um diálogo rico e complexo, terno e de conjunções com o anarquismo, com o surrealismo, com o Zapatismo, com as experiências vivas das Madres, com a esquizoanálise, com a economia solidária, com o cristianismo primitivo e com as vivências da Teologia da Libertação... Um devir Che com Rosas...
Uma revolução não persiste libertária sem o homem novo...
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Então, há uma subjetividade no jogo, no entre das relações e na vida que caminha e vê... O marxismo algo viu, muito pouco... Porém, temos Illich, Gofmann, Foucault, Deleuze-Guattari e muitos mais... E estes nos trazem Sartre, Paulo Freire, Boal, Fannon, Nietzsche, Spinosa, e todos os institucionalistas... Um bando de gente pensando o homem e sua subjetividade , na travessia do servil para a livre auto-invenção, para o devir...
Aqui, digo: há subjetivações libertárias e estas são um desembrulhar-se - um dobrar, redobrar e desdobrar-se, a vida nos produzindo e nós ativamente nos reinventando, homens livres...
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Quando nos pensamos, e o fazemos com sinceridade, percebemos o espaço do desejo, do amor e da paixão, dos sonhos, da intimidade... Não temos apenas carências materiais, nem somente inibições sociais... Queremos amare ser amados... Temos sonhos, projetos, potências e vida de intimidade... o amor vem sendo lido pelos autores com profundidade que não atinge a pele que o mais profundo: assim, não penso a vida e reinvenção da vida sem o que pode, no homem e no mundo, a arte...
A arte é um espaço... onde se pode com mais inteireza e mobilidade, dar-se conta das lágrimas e dos risos, dos amores vividos e dos perdidos... Da amizade, da ética, da vida de ternura e suavidade que hão de ser armas e frutos da revolução e das subjetivações libertárias...
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Viver é perigoso e é Veteceteras... Ressoa nas Geraes a voz de Guimarães Rosa...  Sim, a labuta não é possível sem uma utopia que nos sustente e anime, nos alimente e nos inspire... Então, acrescento: somos seres de necessidade, de desejos, de amores e intimidade... e de sonhos...
Uma utopia ativa é necessária...
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Finalmente, digo: a vida ensina... E a realidade nos impõe outras duas dimensões que nos possibilita viver e existir com uma maior suavidade...
Chegamos num ponto que a ecologia se impõe como um pilar da luta atual e da esperança num novo dia...
Creio que não se precisa para esta singela conclusão de nenhuma argumentação...
Tá na vida, nas catástrofes e nos perigos iminentes que assombram o planeta e cada um de nós...
Outra dimensão da vida, emerge nos tumultos íntimos e na nossa falida vida ocidentalizada: precisamos de algum espaço para a vivência da nossa espiritualidade: aqui, não quero hierarquizar , codificar, nomear...
Quero algo que faça Zen, sem , necessariamente, me orientalizar...
Quero ser sujeitos nas finitudes que compõem os caminhos...e quero que a ética da eternidade.
Quero valores humanos... Solidariedade e ternura, compaixão e cuidado, generosidade e misericórdia, amor e liberdade...
Não é muito o que busco: Michel Foucault , se vivo, diria que desejo compor uma caixa-de-ferramentas para ser e estar num mundo que me chama para viver, afirmando a vida.

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