sábado, 12 de março de 2011

BONS ENCONTROS: CRISE , IMPOTÊNCIA E CRIATIVIDADE

                                    A CRISE
                                       Jorge Bichuetti
A crise é um estado de caos, paralisia, desterritorialização, perda de sentido, angústia e vazio, um momento de passagem... O vivIdo já não nos mobiliza e ainda não nos reinventamos. Porisso, se diz que a crise é o questionamento radical do status quo e possibilita, consequentemente, se criar o genuinamente novo, um novo modo de viver e existir..

                      REFLEXÕES SOBRE CRISE:

- "Viver não é necessário. Necessário é criar." Fernando Pessoa

- '' ... O maior inimigo da criatividade é o bom senso ... '' Pablo Picasso


 - "A imaginação é mais importante que o conhecimento." A Eisntein

- " Você tem que criar a confusão sistematicamente, isso liberta a criatividade. Tudo o que é contraditório cria vida." Salvador Dali

- "Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar ‘superado’. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência... Sem crise não há desafios; sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um..." A. Einstein

- "Sei a minha sina.
Um dia meu nome será lembrança de algo terrível.
De uma crise como jamais houve sobre a Terra.
Da mais profunda colisão de consciências.
De uma decisão conjurada contra tudo que até então foi acreditado, santificado, requerido.
Não sou um ser humano, sou uma dinamite, na transvaloração de todos os valores.
Eis a minha fórmula para um ato de suprema octognose da humanidade que em mim se fez gene e carne..." Nietzsche

- "Os momentos de crise suscitam um redobrar de vida nos homens." Chateaubriand

        Impotência 

                       Amauri Ferreira

Quando nada mais parece nos tocar, nenhuma música, nenhum livro, nenhuma conversa, fazemos seguidas tentativas (frustradas) para expressar alguma idéia interessante, mas, então, finalmente percebemos que a nossa vontade de doar algo ao mundo está, momentaneamente, entravada. A partir disso, podemos até imaginar que a roda da criação parou de girar em nós – mas isto é, certamente, o nosso maior engano. Os momentos de impotência criativa nos ensinam, no mínimo, a compreender o que constitui o cotidiano dos indivíduos que estão capturados pela organização moral: como eles estão impedidos de evoluir conforme os seus mais sinceros desejos, são alvos fáceis da indústria do passatempo. A “felicidade dos acomodados” (uma espécie de alegria derivada do “tapinha nas costas”) impede que a impotência criativa seja, de fato, experimentada – ela é covardemente escondida pelos brinquedos industriais que são produzidos para os sofredores da realidade... Tagarelar, por exemplo, ainda é uma das vias mais fáceis para distrair-se de si mesmo (para isso, uma boa lista de “amigos” pode ser bastante útil). Agir como todos devem agir nos mantém distantes do conhecimento da nossa singularidade de ruminar, de escutar as múltiplas vozes interiores que vão, gradualmente, emergindo em nós, vozes que desejam conduzir a nossa existência, acompanhadas de cores, sons, sentimentos – assim a nossa consciência é enriquecida pela força da vida que nos impulsiona. Sem dúvida, existem coisas que nos tocam, que nos mobilizam, mas, nos momentos de crise, elas parecem passar por nós sem nos deixar nada, como se nos obrigasse a uma pausa e a um desvio necessário para que seja possível, enfim, alguma experiência sem falsos temores, longe de questões do tipo “onde é que isso vai dar?”, como saída necessária para que possamos retornar ao nosso querer. Outrora, o sentimento de impotência artística poderia nos levar a agir como os massificados, isto é, desejar as distrações enlatadas e fazer a nossa própria existência simplesmente passar, de maneira entorpecida. Mas depois de tantas mudanças e já com algum respiro de vida autônoma, não queremos mais fugir dos momentos de crise, pois na verdade já passamos por eles algumas vezes e sabemos que a impotência adormece quando a nossa natureza volta, regenerada, a fluir para o mundo através das nossas obras. É preciso ser grande para não se opor aos momentos de crise...


   Receita de ano novo
                            Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
 

3 comentários:

Tânia Marques disse...

Irás gostar de saber sobre o filme que está sendo rodado aqui em Porto Alegre. http://wwwumanovaeticahumana.blogspot.com
O outro filme do mesmo diretor, Carlos Gerbase, que eu amei também está no www.degraucultural.blogspot.com

Bj.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Como não, irei vê-los... andei nos seus caminhos e a vi , com a luz da dança, da música e dos filmes... a arte nos alimenta, não? Verei hoje, logo, após, a conferência que faço agora na periferia.
abraços com ternura e alegria, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Como não, irei vê-los... andei nos seus caminhos e a vi , com a luz da dança, da música e dos filmes... a arte nos alimenta, não? Verei hoje, logo, após, a conferência que faço agora na periferia.
abraços com ternura e alegria, jorge