De volta... A Fuinha , eufórica, corre e me vigia... teme que volte a viajar e fique longe dela... No quintal, o céu estrelado... O vento assobia suave e os álamos ecoam numa musicalidade de mansidão e paz... As estrelas parecem querer dizer, cantar... expressar algo, me abrigo no brilho do céu estrelado e penso na vida... Não consegui ver a Lua... Mesmo não a vendo, sinto-a na minha pele: aconchego e poesia... Um galo canta, longe... Madrugada. Meu coração já dialoga sobre encontro e saudade... Porém, vou dialogando com o infinito; e, como se não entendesse que tudo é visto pela imensidão, falo da suavidade...
Se ousasse definir o III Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama. Saúde Mental e Direitos Humanos diria que ali vivi com alegria um grande encontro: potências criativas, suavidade e ternura, intensidades amorosas e generosas... Um glorioso momento... Velhos e novos amigos lutando por não perder nenhum segundo do que acontecia: a vida na sua face verdejante e estelar, floradas do amor...
Não consegui conversar com todos... Nem pude abraçar a todos... Porém, me senti acolhido e amado... e muito amei...
Na vida do cotidiano, o nosso coração capturado pelas demandas do ego e do mundo, lamuria as carências, os amores impossíveis, amores perdidos e amores não-conquistados... Nos acostumamos a ser o lamento e a lamúria da falta...
Ali, o entre de ternura e acolhimento, amorosidade generosa, nos levava a pensar na possibilidade de se viver a intensidade do amor meigo, terno, sensível das trocas da amizade: produção do excesso, da potência, do se viver com alegria e intensidade o momento presente, as pessoas presentes, a vida...
A suavidade que é ternura e aconchego, meiguice e mansidão é uma construção que passa pela superação do ego, este tirânico que nos captura querelante, sempre ansioso das faltas e sempre onipotente e soberbo, querendo vivenciar o que não está, o que não se tem... o que é dado pelas nossas fantasias internas como um ideal reificado...
A suavidade mora na produção dos encontros que se tecem na ternura ena cumplicidade... é fertilização e fecundação da vida que acontece e nos convoca, afetando-nos; ela nos mostra as linhas de potência e os fluxos de intensidade emergentes num dado momento...
A vida é alegria e paz, se presentificada...
Muitas vezes, no deprimimos por não presentificar nosso corpo... Refugiamos nas dores e desilusões do passado ou nas fantasias e ilusões sobre o futuro; negando produzir, encontrar-se, vitalizar o que é experenciado no presente...
Quando vivemos um encontro de potência, amizade e ternura... este encontro acorda a nossa vida para as alegrias que pululam no caminho... usufruindo-as, então, silenciamos o lamento e a lamúria e produzimos novos encontros, nossos vínculos, nova vida... na fabricação de entres que nos alegram e suavizam... que nos permitem crescer e acercarmos de devires que nos amplificam a capacidade de ser e estar...
A falta é um registro do nosso ego castrado, inibido, coibido... A suavidade é produção de ternura na potencialização do que são as floradas, as florescências, as frutificações no aqui-e-agora da vida dada...
Uma utopia ativa nos energiza e nos vitaliza... contudo, ela é caminhada; não é espera passiva e subserviente...
A suavidade é a alegria de desfrutar e celebrar a beleza e inteireza do que podemos já viver... abrindo nosso coração para o novo, para o outro, para o inusitado...
Se a falta é angiogênica, a suavidade é fonte e ponte para a paz íntima...
Por isso ousamos asseverar que a ternura é o grande celeiro onde recolhemos os frutos da serenidade e da paz... alegria partilhada e inventado nos encontros da amizade...
Eis a grande linha da vida que nos joga nos braços e abraços da vida em abundância...
2 comentários:
LIndos momentos, encontros... agora a rotina nos quer de volta, tirana de sempre, mas fica o gostinho e registro q não nos conseguirá alienar por inteiro e cada vez menos...cqc!
Jorge: e o corpo resiste à rotina...passa comigo; lá me sentia cansado; agora, queria estar mais um pouco... Contudo, sigamos multiplicando nossa potênciade amor e ternura, jorge
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