quarta-feira, 7 de setembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: NO CAMINHO; NOVOS PASSOS...

                                  Jorge Bichuetti

Madrugada... No coração, ressoa as palavras de Juvenal Arduini: o ser humano tem o rosto da madrugada e não do ocaso... Aspiro o ar, minha pele sente o vento suave e terno, miro as estrelas e já antevejo os raios do sol... a Madrugada é a vida no recomeço. Novo dia, novos caminhos... Acolhe a pequena no meu colo; penso... Somos capazes de tecer a vida, somos permanente autocriação... Mas, não nos criamos no vazio, somos afetados por fatores sociais e culturais... por pessoas, pela natureza... por cantigas e poesias... somos filhos dos sonhos que alimentamos na intimidade das nossas vidas...
Arduini afirma que urge que perguntemos quem somos e quem queremos ser...
Aprofunda seu pensamento e diz que já é hora de sermos humanidade rebelada, numa radical produção insurgente da superação da vida massificada e coisificante, para nos erguermos como vida de autonomia, criatividade e solidariedade...
Leio e meu coração escuta sua voz...
A voz estradeira que se fez caminho: caminho da dignidade da luta pelos direitos humanos e pela construção de um novo mundo...
Olho no meu entorno, e nos vejo... individualista, robôticos, apáticos... e, principalmente, humanidade sofrida, excluída e infeliz...
Queremos um grande amor... porém, nos relacionamos mergulhados no pântano dos ciúmes, da possessividade, das triangulações, do medo...
Queremos ser cidadãos... contudo, agimos covardemente: silenciamos diante da tirania; negamos nossa solidariedade aos que são martirizados pelo mercado que torna o humano descartável e um utensílio...
Queremos um futuro belo... embora, não cultivemos a audácia de sonhar e lutar...
Exageramos nosso medo e nossa covardia; hipertrofiamos a nossa acomodação...
Urge reconhecer que o humano se realiza no excesso... Excesso de ternura e coragem, de generosidade e liberdade, de compaixão e valentia...
O novo não nascerá da escuridão...
A vida nova, remoçada, é filha da aurora; tecida pelos que não negam as causas substanciais que nos fazem vidas madrugadeiras, caminhantes, vidas que buscam, desbravando caminhos e desnudando horizontes, o sol de um novo alvorecer...

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