sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: O CANTO DA ESPERANÇA...

                                       Jorge Bichuetti

No céu, estrelas e a lua minguante... Um panorama singelo onde o cândido enternece e vida se encanta com a poesia cósmica da infinitude... Há um silêncio meditativo: como se o tempo estivesse sereno e calmo, fecundando na madrugada a vida de um novo dia...Respiro. Suspiro. Penso... Entre o meu coração e o infinito, há caminhos... Observo cada árvore e cada arbusto... Os quero, os amo... A Luínha dorme: seus sonhos são sonhos de suavidade e paz... O vento cria nos álamos uma dança ritual , como se quisesse celebrar a aurora... Logo, o sol, saírá...
Ontem, estudei e escutei canções... me preparando para o 7 de setembro, quando na Praça da Igrejinha de Santa Rita, iremos manifestar nossa indignação e nossa esperança no Grito dos Excluídos...
Muitos me crêem um visionário ingênuo, não sou... A vida dialoga e fala .. e eu escuto no prosear da vida um canto de esperança...
A esperança me tece um coração dado ao ato de sonhar... Espero, lutando... Sonho, construíndo no caminho da luta a sementeira do alvorecer de um tempo de justiça e paz...
Não consigo entender como se se sobrevive, abdicando das forças restauradas e de sustentação da vida que emergem nos caminhos da esperança...
Recordo Tagore e canto com a esperança: "Se de noite chorares pelo sol, não verás as estrelas."
Nas noites escuras, miro o infinito e a vejo - esperança viva - no luar e no encanto da multidão de estrelas que alumiam, enternecendo nossa espera... e por mais longa que seja a noite, o dia nasce e com ele, a vida recomeça... nova caminhada sob as bêncãos do clarão solar e do horizonte azul...
Meu quintal, é um re-canto de esperança viva... Ali, escuto a vida que fala nas pulsações do meu coração; ali, ausculto na imensidão os ecos do canto da esperança que é o canto da vida que se  mantém altiva e audaciosa esperando que o tempo amadureça e frutifique, gerando um novo mundo, mundo de paz e amor...
E a minha esperança se revitaliza no labor diário, quando a angústia me revela que ninguém suporta o desalento e o desespero, a apatia e  ansiedade que se expandem escravizantes no nosso mundo de individualismo e consumismo, de competição e exclusão...
Adoecemos na globalização neoliberal... Adoemos porque aceitamos que a vida fosse a ilusão do fatalismo...
Adoecemos porque esquecemos de cultivar, adubar, regar e alimentar o sol da esperança que clareia o horizonte e nos revela que é possível reinventar a vida e transformar o mundo...
No individualismo competitivo e consumista, esquecidos da esperança, nos acomodamos covardemente numa vida de desvalia e exclusão...
Sem esperança,  desconectamos do termpo...
Do olhar para trás, ver os erros e equívocoss da história; de olhar o presente e vivê-lo com ousadia e intensidade, semeando na luta o futuro que olhamos e o vemos no céu da utopia com os olhos da esperança...
Alheios às forças renovadoras da esperança, nos tornamos omissos...
A exploração, a dominação e a mistificação - a violência da ganância do Capital e a crueldade da exclusão - se perpetuam no fatalismo, na nossa acomodação, appatia e covardia, que emergem da nossa estupidez que abdicamos das forças vitalizantes e inovadoraas da esperança...
Esperança é espera ativa no caminho das lutas...
Esperança é espera alegre e ousada no horizonte da utopia...
Assim, se queremos viver, con-viver e sobreviver urge que resgatemos no caminho o canto da esperança...
A vida clama e canta... na esperança desnuda a tirania da exclusão, é denúncia de mundo de desalento, desencanto e solidão... e ele é profética, anuncia um novo mundo, a potência da mudança que pulsa nos chamando para a luta ao nos revelar o porvir no hoje... e ele habita as nossas mãos...
A esperança é força colérica e indignada que vê as chagas da exclusão e contesta, acusa, recusa... quer a vida de direitos, um outro mundo possível, um mundo de todos e para todos... um mundo terno e solidário, um mundo de compaixão...
Nunca nos esqueçamos: a esperança é a harmoniosa melodia dos sonhos de libertação...


07 DE SETEMBRO: GRITO DOS EXCLUÍDOS

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