"Representar é aprender a viver além dos levianos sentimentos, na verdadeira dignidade." - afirma João Guimarães Rosa.
Acostumamos a perpetuar, em nome da da autenticidade, nossos comportamentos menos dignos... Explicamos nossa teimosia, irritabilidade, hostilidade, egoísmo, vaidade e orgulho... nossa infidelidade, nosso consumismo, nossa soberba e prepotência, nossa futilidade... tudo em nome da nossa autenticidade...
Se questionados, dizemos, sem nem mesmo rosear a face, que somos assim... então assim é...
A dignidade não emerge instintiva, nem é gerada expontaneamente por magia ou enfeitiçamento: ´conquista; decisão ética na medula dorsal da vida.
Ser digno é uma construção que exige esforço diário, renúncia, abnegação, espírito guerreiro...
Muitos depreciam os dignos, projetando nos seus atos e na sua caminhada o estigma da hipocrisia, da falsidade, do fingimento...
Nesta temática, ergue-se a lucidez do nobre e talentoso Rosa...
Representar não é, tão-somente, fazer de conta... imitar... copiar... É experiência vital de vivenciar, corporalmente, o caminho desejado... E destas experimentações surge novos modos de ver, sentir, reagir e intervir na vida e com a vida...
Viver algo ético, suprimindo nossa leviandade, é exercício pedagógico de reinvenção da nossa própria subjetividade.
A vida é um grande laboratório... e nas experimentações de um existir ético e digno, vamos plasmando na visceralidade da nossa própria intimidade... o novo: uma nova existência...
Dignidade é aprendizado no redemoinho das lutas íntimas...
Dignidade é subjetividade forjada na decisão interior de caminhar, conviver e sonhar, incorporando os valores que nos tornam matrizes da ternura e da compaixão, da alegria e da paz, da amizade e do perdão, dos direitos humanos e do direito à diferença, do amor e da compaixão, que experinciadas nos impregnam de sentidos e nos parem nova humanidade...
Assim, pouco a pouco, a dignidade enraíza-se no coração da nossa vida; assim, como nos enraizamos nos caminhos da dignidade...
Somos, no fim das contas, a somatória das nossas decisões e das nossas experimentações... Somos o que tecemos...
Pode-se, facilmente, perceber que ser digno é uma produção guerreira dos que abandonam os casulos douradas da própria leviandade... é luta, vida aguerrida na sementeira ética do amor e da paz.
2 comentários:
Boa tarde amigo Jorge. Dignidade e vida é isso que penso todos nós termos direito. Todavia, por vezes e são muitas as vezes, assim não acontece.
As más governações, tirando aos que menos têm para dar aos que já muito têm. Vai dia após dia criando mais pobreza.
Aqui em Portugal, isso mais forte do que nunca está começando a acontecer.
Como será resolvido não sei. Porém, de uma coisa tenho a certeza. Os próximos anos vão ser de muita miséria, para quem vive de pequeno ordenado do trabalho ou da reforma,
Como resolvê-lo é fácil distribuir a riqueza de acordo com o que cada um produz!
Obrigado pela sua visita, quanto ao separar o murcho do não murcho, eis a questão como fazê-lo é fácil. Contudo, está no murcho por vezes não poder ser recuperável.
Um abraço
Eduardo.
Eduardo: sim, uma longa caminhada para que mudemos os valores dominantes... Um mundo ético e um existir digno... mudando nosas vidas já semeamos novos horizontes. Abs ternos, jorge
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