Ansiamos viver e ser feliz... Contudo, coletivamente, temos produzido muitas tristezas, desalentos, agonia e morte...
Necessitamos reinventar a vida e o mundo...
Tentando encontrar caminhos novos, o horizonte azul, aqui, me colarei na posição de quem escuta... Uma escuta da natureza, da vida... que fala nas artimanhas do inconsciente rizomático que é potência inovadora e vitalidade imperecível...
Como um andarilho, caminharei, nesta busca...
À sombra de um carvalho, mirando as centelhas que clareiam e vivificam a fogueira da vida, perguntarei: que estamos fazendo de nós? o que necessitamos ouvir?... No jogo da vida, recolho no caminho duas pedras dos ancestrais celtas: isa e sowelu... Preparação e espera...
Queremos agir, vivemos num mundo pragmático, de resultados... de otimização do tempo, e de pouca valorização da vida íntima...
Há momentos que é necessário paciência e tolerância na espera... Mas, a espera é preparação, acumulação de conhecimentos, valores e experiência... para, então, no agir, usar com criatividade, sabedoria e harmonia cósmico as energias do fazer, do produzir, do transformar... Tudo será em vão, se na espera não cultivarmos a nossa inteireza que garantirá um valor ético, para além do agir mecânico e egocêntrico, que acaba gerando conflitos e exaustão...
Caminhante, indago: o que podemos e não ousamos?... Deixo minha pele sentir o vento e busco uma resposta na culturas ancestral dos povos indígenas...
Encontro na cultura indígena o caminho da busca da visão... Vemos. Mas, nossa visão é positivista, egóica, centrada nas aparências... Precisamos aprender a ver com a vida, enxergando num nós que instalará no nosso coração, se abandonamos o individualismo e passamos a sentir pela pele o que fala a vida quando pulsa na dinâmica da ética do Bem Comum... Igualmente, vemos, mas não nos comunicamos... recolhemos informações e pautamos nossa conduta na álgebra do calculismo racionalista... Ver , com um nós, é ver conectado com o universo e com as vidas que pulsam e brilham, encantando-nos e dando-nos a direção do horizonte azul...
Na ansiedade, tão comum, ao nosso modo de vida, olho para o oriente e indago sobre o nosso futuro... A resposta está no hexagrama Chi'en - a modéstia... Fala do valor criativo e renovador que emerge da simplicidade e dos simples... Temos jogado o destino da humanidade , depositando esperanças da tecnocracia... E aqui surge um sugestão diversa: o singelo é a fonte de florescência do novo, de um futuro feliz... Os oprimidos, os que estão embaixo, conservam o que necessitamos... um mundo de ternura e suavidade que passa pela modéstia... Simplificar e empoderar o singelo é caminho para um porvir de claridades serenas de realizações que nos alegrem, humanizando-nos e irmanando-nos... aos outros e à natureza.
Na gota d'água mora a infinitude do oceano...
9 comentários:
"o singelo é a fonte de florescência do novo, de um futuro feliz...", completamente de acordo.
O simples revigora!
Um abraço
oa.s
OA.S: um terno abraço no suave da vida singela, estelar... abs, jorge
OA.S: um terno abraço no suave da vida singela, estelar... abs, jorge
Dr. Jorge,
Belíssima sua cronica.
Haveria menos doenças,mais meditação.
Haveria mais aproximação singela entre as pessoas. Curtir,iamos os bichos e o mar.A lua e as estrelas.
E o frio que nos uniria mais ainda ao redor do fogo, nos abraços com o coração aquecido já em busca do sono reparador.Como seria o trabalho? De subsistência?Nem sei mais... Beijo da De
Duas crônicas belíssimas.
Espero que tudo esteja bem em BH.
Agora vou dormir.
Uma boa noite Dr. Jorge querido.
Bjo
Denise: um abraço; estou na loucura produtiva do congresso... abs ternos, jorge
Querida amiga, estou trabalhando já aqui... entre um e outro encontro uma palestra; abraços com carinho e saudade, jorge,
Acho que o simples é duplamente belo, gostei imenso desta tua analise... e esses símbolos, eu levo hoje comigo duas pedras, uma deu-ma minha filha, a outra deu-ma o caminho, perto do rio Minho, perto dum lugar onde a água sai fervendo... Sim Jorge, precisamos aprender a ver e a sentir com a vida, a vida que sabe ser plural, adorei esse texto, e esse final me identifico tanto com ele... Abraços com ternura, desde a minha mais profunda simplicidade, Concha
Concha: sim, creio no singelo e na voz da vida... este texto faço-o surrealisticamente... jogando pelas jogos. Abraços com carinho, jorge
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