sexta-feira, 23 de setembro de 2011

POESIA: DO HORIZONTE AZUL, A VIDA MIÚDA

                                   NÃO ME ENCONTRO...
                                                      Jorge Bichuetti


Não me encontro nos tronos
da humana aventura... nem
estou nas páginas dos jornais ou nas lides
dos que tramam a vida nos pedestais,
nas catedrais, nos altares, no alto
 poder das imortais vates...

Ando entre os que vão
pelas ruas descalços,
vago entre os que sonham,
delirando utopias
profetizando as linhas
da alegria, vendo-as
nas folhas que bailam no vento
nas nuvens que numa romaria
salpicam o céu
de bichos, anjos e nichos
do amor enlouquecido
entre as fissuras do tempo
e as ruínas da eternidade...

Me encontro passarinho,
na cantoria das manhãs; 
sou a estrela cadente
na sorte lançada pela promessa
desejado no ardor dos becos
onde caídos olham o céu,
teto do destino,
e rogam o dom de sonharas ilusões perdidas,
na fúria dos vendavais...


Entre tantos desenganos, eu sou...
o triste brilho da esperança
que tímido faísca os olhos
dos meninos... dos meninos que são
os passarinhos da vida anônima
que caminha errante na solidão da cidade...




                                          MEUS MEDOS
                                                        Jorge Bichuetti

Nunca temi o tempo,
suporto os temporais...


Nunca temi o vento,
voo e bailo no ar...


Nunca temi os monstros,
ando entre anjos, querubins
e as almas dos vegetais...


Só da vida tenho medo,
quando a vida travessa
me deixa na ilusão das
vidas que são fantasmas,
zumbis que andam e falam,
mas, que não amam nem sonham,
somente, vagam no tédio
de ser no meio da multidão:
o espinho que fere a rosa,
a força que estrangula
o singelo e o belo,
inoculando na gente
a vida de espantalho
no milharal da esperança,
das colheitas do amanhã...



2 comentários:

OceanoAzul.Sonhos disse...

É no amar e no sonhar que essencialmente assenta a força motriz da vida. Sentimentos que escrevem palavras que tocam e nos despertam para a beleza do que nos rodeia. Que sejamos gente entre a multidão!

Um forte abraço
oa.s

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

OA.S - sim, ser gente na multidão, ação do amor que ousa sonhar e voar... e faz com que multidão seja singularidade viva e não massa amorfa... abs ternos; jorge