POEMA HUMANO
Jorge Bichuetti
No humano, esperarei a perfeição;
depois, desencantado
me fiz, num canto,
uma ânsia, desejos...
quase uma oração...
Queria na humanidade
a leveza suave
das folhas que bailam
anônimas no vento;
a ternura das flores
singelas e pequeninas
que, no chão, dão
vida e beleza ao tempo...
Como quis! a liberdade
dos pássaros vadios
e a generosidade
dos frutos silvestres... vidas
que se realizam
nas clareiras da aurora
e despercebidas,
vão e são no caminho
a mão estendida
da própria vida, alheias
aos triunfos da razão...
vão e são, tão somente,
o eco do infinito...
num voo, as asas da compaixão...
Quão grandiosas são
as pequeninas formigas:
laboriosas, disciplinadas...
encontram nas folhas caídas
a riqueza do pão, a certeza da vida...
um celeiro,
o universo...
a alegria de lutar, uma por todas,
tecendo imperceptíveis
seus cálidos ninhos...
Oh! louca e vã humanidade...
quem dera fôssemos
a resistência e a doação
das desprezadas ervas daninhas:
que insurgentes refazem
as fissuras do chão, adubam
e o recompõe...
pisadas e trituradas pelos homens,
renascem
silenciosas
escutando somente o canto,
a gratidão da imensidão...
a voz das estrelas
que para os que as avistam,
de longe, do chão,
são simplesmente
um ponto de um luz, uma vela
acesa nas capelas do coração azul do infinito...
UM NOVO AMOR
Jorge Bichuetti
Tantro amei... porém, amei
um amor... cheio de egoísmo...
Queria ser no possuir, ser no
no espelho que vi no outro...
Amei e chorei... nas lágrimas
que ácidas na minha dor, vi
a doçura do mundo ali refletida...
Só, então desconfiei que amar
é algo mais... do que grudar
um no outro, com as cinzas
das angústias que o tempo
cimentou na nossas peles...
Amar é o mel oculto que se tece
na colméia dos corpos unidos;
corpo unidos que se fazem chão
onde nascem as flores da ternura
e florece o néctar da compaixão...
VIDA PEQUENA
Jorge Bichuetti
Tão singelo, o caminho...
Areia e pedras e lá longe
um horizonte azul...
Não há ouro, nem prata...
Viceja no ar a alegria de
caminhar e ir buscar
no silências das manhãs
um enternecido novo dia...
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
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2 comentários:
Jorge, lindos versos!
A poesia cabe em todos os amores....nos sonhos e cores.(mas prefiro a azul, rs)
Beijos...com ternura...Mila.
Mila; somos a voz dos sonhos e cantiga da ternura; abs ternos, jorge
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