S.O.S.
Paulo Cecílio
juntei as peças do mundo
nos meus versos
quero mesmo agora muito
voar numa nebulosa verde
pra descansar meu mêdo
pra descansar meus olhos
quero este colo que repito e me ajoelho
até que escute baque surdo
deitar nos pilares da criação
quero lavar a maldição
passar no fogo a lingua de dragão
correr até perder o fôlego
escrever na unha das aguias
saltar do precipicio ao fundo mudo das águas
quero arrancar urros e cabelos
quebrar panelas com receitas
quero a magia dos gatos equilibristas
pra escapar do bicho
escalar montanhas de costas muros
torcer quebrar cortar meus pulsos
sangue morno de alimento
nas tetas das estrelas
palavras desconexas léxicas de dar risadas
enlouquecer sem volta
quero embriagar demonios para bêbados assassiná-los
beber daquela fonte quente
onde os malditos se escondem
onde a esperança não chegue
não me persiga me maltrate tanto
quero colar no chão dos bêcos e butecos da cidade
sêlos de vinho vermelho de cirrose
quero ver meu pulmão negro de uma vez
aspirar agônico tuberculoses esquecidas
no cimento marrom com tampinhas
quero apagar as fotos ensebadas que carrego
nos bolsos semi rasgados de espanto
de saudade
deste sorriso estático
destes olhos que não piscam
quero ir ainda agora
cruzar a fronteira ver ruir a vida inteira
cuspir bilis nas janelas,
pra que alguém cuide mim...
4 comentários:
Gostei muito do poema, acho que dava para ser cantado, talvez por alguém como Oswaldo Montenegro... Abraços com carinho para os dois, Paulo e Jorge, vai pela lua...
Concha: o Paulo tem u'a sensibilidade como se hoouvesse vidas e estrelas perambulando por sua pele, abraços... jorge
concordo com essa apreciçao sobre o Paulo, ele comunica essa sensiblidade em cada verso, abraços... eu hoje ja voei contigo, com Bach e com a Melra... Um dia lindo aqui...
Concha: voemos e voemos, desbravando no céu da amizade a ternura de ser alegria por valentia... Abraços ternos
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