Me parece que é impossível delimitar numa escrita o que é algo singular nosso do que roubamos, por afetação e ressonância, dos que partilham conosco a caminhada...
Assim, falarei hoje do que , na verdade, nunca foi meu... me contagiou como o luar me encanta ou como me entram pelos poros da pele o canto dos passarinhos...
Queria falar de ética e política... Porém, quero que por mim fale o encanto e magia da palavra sábia e generosa da Dra Patrícia Ayer de Noronha.
O tema ganhou para mim a dimensão de vida, na visceralidade do pulsar do meu coração, ouvindo-a...
Ela é uma verdadeira intelectual, no sentido, que dá a esta palavra o professor Milton Santos... Criatividade questionadora e transformadora dos caminhos e horizontes da humanidade. Com um acréscimo: é roseana - pensa, sente e vive na intensidade da voz e vida de Guimarães Rosa. Ele retrata o sertão, combinando, na sua mineiridade, a dúvida inquietante e germinativa com a ternura florescente, estelar...
A ouvi, certa vez, com vivacidade, explicar que a ética de afirmação da vida de Espinoza tinha uma dimensão social e política.. Eloquente poética, asseverou: que vida que devemos afirmar no dia-a-dia, em todos os caminhos, não é a" minha vida", a " sua vida", nem a " vida dele"... Mas, a vida que é vida... vida de todos ... vida da vida... vida da humanidade... vida cósmica e vida dos coletivos que se rizomatizam e devém o complexo e diverso universo do que nomeamos vida...
Ouvindo-a, pode-se aderir que na ética espinoziana estão contidas a ética do bem comum, da amizade, do cuidado, da sustentabilidade, da solidartiedade, da transversalidade libertária, da vida pululando faceira como germinativa e fecundante de todos e em todos... alegria e bons encontros nos territórios do direito à diferença e dos direitos humanos... Vida da natureza, das subjetividades livres, e dos coletivos e vida na dimensão cósmica da imensidão...
Nela, se vê a vida na potência da ternura e compaixão, da festa e da seresta, das floradas do cerrado e das rodas nas florestas dos povos indígenas...
A política afirma a vida, quase sempre, sob o paradigma da tristeza: move-se na paranóia, opera pela ganância de uns versus a exclusão da maioria silenciosa... Verticaliza-se e burocratiza-se e, assim, arma-se como um aparato fascista de negação das singularidades, das multiplicidades e das potências inovadoras do devir e do acontecimento... Assinam, previamente, a autoria do destino; e como se organizam na tristeza decompõem os corpos, fragilizando-os, evitando-os potências afirmativas, ativas e inventivas...
A afirmação da vida é ato ativo e criativo dos agenciamentos que se operam sob o signo da alegria nos bons encontros...
A vida da flor num devir humanidade; a vida da humanidade num devir flor: eis a matriz da primavera....
4 comentários:
Excelente reflexão... inspiradora.
Rafaela: meu carinho, abs ternos; jorge
Jorge, seu blog é minha musa inspiradora e Geraldo o mestre da nossa "Utopia Ativa". Lindo, mexe com as emoções por dentro e por fora... Abraços...
MEU CARINHOSO ABRAÇO E TERNAMENTE LHE AGRADEÇO O CARINHO... PERSISTAMOS OUSANDO SONHAR... ABS TERNOS, JORGE
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