Jorge de todos os Brasis
Emir Sader
O filme não poderia ser mais brasileiro. Nos cenários, nas cores, no ritmo, na sensualidade, nos personagens. E na obra do mais popular e o mais brasileiro dos nossos escritores – Jorge Amado.
Capitães de Areia é dos romances de Jorge Amado que alimentou o imaginário de muitas gerações. O cinema brasleiro não tem valorizado devidamente a nossa literatura. E quando valoriza – como no excelente Quincas Berro d’ Agua e neste Capitães de Areia – tem que enfrentar a velha mídia, que odeia o Brasil, odeia a nossa literatura popular, odeia a Bahia, odeia tudo o que e’ nosso.
O filme é delicioso, bom de ver, cheio de malemolência, com musicas de Carlinhos Brown, boa direção, grandes atores, locais, com caras de gente, como poderíamos imaginar que fossem os personagens da novela.
Não tem nada dos filmes não-lugar que proliferam tanto no Brasil hoje, filmes assexuados, com temáticas artificiais, sem espaço, nem tempo, com artistas globais e farta propaganda na televisão.
É um dos filmes que não precisamos ir com a atitude benevolente de “que se trata de um filme brasileiro, com o qual devemos ter tolerância, prestigiá-lo apesar de tudo”, etc., etc. É um bom filme, tecnicamente muito bom, agradável, com tudo para ser um grande sucesso de bilheteria, ainda mais no Brasil de hoje, com auto estima elevada em relação às suas coisas, com o governo Lula valorizando o país e, em particular, o nordeste brasileiro.
É um filme que tem um forte apelo popular, que poderia ser visto por um grande público, por um público de extração popular, com enorme agrado, caso chegasse a eles. Mas o filme não conta com grande campanha de propaganda, nem na televisão, nem cartazes de rua ou em ônibus.
Uma das razões da excelente qualidade do cinema argentino vem do fato de que eles valorizam e utilizam enormemente a formidável literatura que eles têm. Nós também dispomos de uma grande literatura, que já nos permitiu, no passado produziu grandes películas. Mas o próprio Jorge Amado, com uma literatura que pede ser filmada, pelo caráter das histórias que narra, por seu estilo, pelos personagens com forte apelo à empatia popular, não foi filmado na medida da riqueza das suas obras.
O imaginário dos brasileiros passou, nas últimas décadas a ser formado quase que exclusivamente pelas novelas. Algumas minisséries se valeram da literatura brasileira, mas com muito menos tempo do que as telenovelas e com menor audiência.
A literatura brasileira não tem outros mecanismos que permitam que a massa do povo brasileiro torne familiares autores como Jorge Amado, Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Érico Verissimo, só para citar alguns. Um cinema popular poderia ter esse papel. Mas quando faz um bom filme como Capitães de Areia, tem conseguido pouca difusão e pouco público. Uma pena.
Mas quem gostar de Jorge Amado, da Bahia, da nossa criançada, da nossa literatura, deve ver Capitães de Areia e ajudar a divulgar. O filme começa as comemorações do centenário de nascimento de Jorge Amado, que se dará no ano que vem. Tomara que outras das suas obras também sejam filmadas e possam gozar de mais divulgação e mais público. E que Capitães de Areia possa chegar à nossa juventude e a camadas mais populares mais amplas.
Capitães de Areia é dos romances de Jorge Amado que alimentou o imaginário de muitas gerações. O cinema brasleiro não tem valorizado devidamente a nossa literatura. E quando valoriza – como no excelente Quincas Berro d’ Agua e neste Capitães de Areia – tem que enfrentar a velha mídia, que odeia o Brasil, odeia a nossa literatura popular, odeia a Bahia, odeia tudo o que e’ nosso.
O filme é delicioso, bom de ver, cheio de malemolência, com musicas de Carlinhos Brown, boa direção, grandes atores, locais, com caras de gente, como poderíamos imaginar que fossem os personagens da novela.
Não tem nada dos filmes não-lugar que proliferam tanto no Brasil hoje, filmes assexuados, com temáticas artificiais, sem espaço, nem tempo, com artistas globais e farta propaganda na televisão.
É um dos filmes que não precisamos ir com a atitude benevolente de “que se trata de um filme brasileiro, com o qual devemos ter tolerância, prestigiá-lo apesar de tudo”, etc., etc. É um bom filme, tecnicamente muito bom, agradável, com tudo para ser um grande sucesso de bilheteria, ainda mais no Brasil de hoje, com auto estima elevada em relação às suas coisas, com o governo Lula valorizando o país e, em particular, o nordeste brasileiro.
É um filme que tem um forte apelo popular, que poderia ser visto por um grande público, por um público de extração popular, com enorme agrado, caso chegasse a eles. Mas o filme não conta com grande campanha de propaganda, nem na televisão, nem cartazes de rua ou em ônibus.
Uma das razões da excelente qualidade do cinema argentino vem do fato de que eles valorizam e utilizam enormemente a formidável literatura que eles têm. Nós também dispomos de uma grande literatura, que já nos permitiu, no passado produziu grandes películas. Mas o próprio Jorge Amado, com uma literatura que pede ser filmada, pelo caráter das histórias que narra, por seu estilo, pelos personagens com forte apelo à empatia popular, não foi filmado na medida da riqueza das suas obras.
O imaginário dos brasileiros passou, nas últimas décadas a ser formado quase que exclusivamente pelas novelas. Algumas minisséries se valeram da literatura brasileira, mas com muito menos tempo do que as telenovelas e com menor audiência.
A literatura brasileira não tem outros mecanismos que permitam que a massa do povo brasileiro torne familiares autores como Jorge Amado, Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Érico Verissimo, só para citar alguns. Um cinema popular poderia ter esse papel. Mas quando faz um bom filme como Capitães de Areia, tem conseguido pouca difusão e pouco público. Uma pena.
Mas quem gostar de Jorge Amado, da Bahia, da nossa criançada, da nossa literatura, deve ver Capitães de Areia e ajudar a divulgar. O filme começa as comemorações do centenário de nascimento de Jorge Amado, que se dará no ano que vem. Tomara que outras das suas obras também sejam filmadas e possam gozar de mais divulgação e mais público. E que Capitães de Areia possa chegar à nossa juventude e a camadas mais populares mais amplas.
fonte: carta maior; o blog do emir
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